Presidente do BRB afirma que compra não significa ‘estatização’ do Banco Master

O presidente do Banco Regional de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, afirmou neste domingo, 6, que a compra do Banco Master, anunciada no último dia 28, não significa uma “estatização” do Master. Segundo ele, o banco passa a ser uma espécie de “subsidiária do banco do Distrito Federal” e agrega novos segmentos e tecnologia.

A operação envolvendo o Banco Master e o BRB foi anunciada no último dia 28 de março. O negócio, que consiste na aquisição de 58% do capital total do Master, é estimado em R$ 2 bilhões e ainda precisa ser aprovado pelo Banco Central (BC) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Há outras três condicionantes para o negócio, entre as quais a capitalização do Banco Master em R$ 2 bilhões, com o objetivo de bancar eventuais novas baixas no balanço, como mostrou o Estadão na semana passada.

Caso a oferta receba sinal verde, o presidente do BRB assinalou ainda que o Banco Master vai ser uma espécie de “banco de atacado” do grupo BRB.

“O BRB continua como uma empresa maior, líder do conglomerado e com independência na condução de todos os seus outros negócios”, explicou.

Os dois bancos passarão a operar sob a marca BRB.

“Isso para que a gente tenha sinergia e projete para esse novo banco a força, a liquidez, a robustez que o BRB carrega em si”, disse.

CEO do Banco Master integrará conselho de subsidiária, diz executivo

Costa afirmou ainda que o CEO do Banco Master, Daniel Vorcaro, vai sair da atividade executiva do dia a dia e passará a ser um membro do conselho de administração da subsidiária na qual será colocado o banco Master, agora comprado pelo BRB.

“O papel do Daniel Vorcaro passa a ser muito mais de contribuição para a estratégia, para o direcionamento desse novo banco Master e menos de atuação no dia a dia”, explicou.

Em sua fala, o executivo disse ainda que chegará ao fim as ofertas do Master de CDBs a 140% do CDI.

“Com compra do Master, o BRB terá um braço privado para aumentar capacidade de competir”, afirmou. “Nosso entendimento estratégico foi o de que num mercado tão competitivo não existia um espaço para ter um banco pequeno, que atuasse só no DF. Diversificar negócios, atender a necessidades de clientes é necessário para sobreviver”, apontou.

Segundo o executivo, a operação limita os riscos. “Fizemos uma projeção do fluxo de caixa do BRB para garantir que o banco tenha capacidade de honrar a compra do Master”, assinalou Costa, em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, transmitida nesta noite.

Costa indicou ainda que a operação também preserva a marca do Wilbank, banco que foi comprado pelo Master em 2024.

“O Wilbank tem seu valor, é um banco digital com uma cabeça, um DNA, um olhar para o cliente de fintech e a gente tem quase 4 milhões de clientes que foram adquiridos também no banco digital com o Flamengo. O objetivo é que o Wilbank seja o braço digital desse novo grupo”, indicou.

Regras do FGC devem ser alteradas com parcimônia, diz executivo

O presidente do BRB comentou ainda sobre as demandas de outros bancos para que o BC reveja as regras de uso do Fundo Garantidor de Crédito, uma espécie de seguro no valor de até R$ 250 mil para investidores em caso de quebra de um banco.

Segundo Costa, “o aperfeiçoamento das regras regulatórias é fundamental a todo momento”, mas, com o dia a dia e o modelo de negócios do BRB, “essas regras do FGC não são tão importantes”.

“Acho que existe um alinhamento entre a interpretação dos investidores que compram os nossos papéis e o próprio perfil de risco do BRB”, apontou.

O presidente do BRB defendeu que uma eventual mudança seja feita com parcimônia, com um “tempo” para que o mercado se ajuste.

“Essas regras são criadas, o mercado vai se adaptando, inovando, recebendo determinadas oportunidades de negócio. Esse é o momento, sim, oportuno de elas serem discutidas, debatidas e que seja verificada a pertinência de cada um dos critérios que estão lá colocados”, disse.

Como mostrou o Estadão, grandes bancos querem aproveitar o momento para apertar as regras de adesão de bancos menores ao fundo, o que pode ter efeitos concorrenciais sobre as instituições médias.

Estadão Conteúdo

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