Dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) mostram que cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a Síndrome de Burnout. Segundo a médica Fernanda Rizzo (CRM-ES 15.099 e RQE 11.882), pós-graduada em Psiquiatria, trata-se de um esgotamento causado pelo excesso de estresse no trabalho. A doença aparece quando o indivíduo chega ao limite físico e emocional, sentindo-se constantemente cansado, distante das pessoas, atividades e com a sensação de insuficiência das coisas que são feitas. “É um estado de exaustão que vai além do cansaço comum, afetando diretamente a saúde mental e a qualidade de vida. Vivemos numa época em que ser produtivo o tempo todo virou uma regra de ouro. O celular está sempre à mão, e as cobranças não param nem no fim de semana. Há pouca valorização do descanso e da saúde emocional. Toda essa pressão, somada a ambientes de trabalho muitas vezes sobrecarregados, faz com que cada vez mais pessoas adoeçam por Burnout”, aponta.

Causas
A especialista explica que as causas estão geralmente ligadas a jornadas excessivas, ambientes de trabalho tóxicos, cobrança constante por desempenho e falta de reconhecimento. Ela destaca que profissionais da saúde, educação e segurança pública estão entre os mais afetados, no entanto, o Burnout também atinge autônomos, empreendedores e até quem cuida de alguém da família — afinal, nem todo trabalho é remunerado, mas pode ser exaustivo.
Tratamento
De acordo com Rizzo, o primeiro passo é reconhecer que algo está errado. A partir disso, a pessoa deve buscar ajuda profissional para fazer toda a diferença na evolução do quadro. A médica lembra que o tratamento pode incluir psicoterapia, mudanças na rotina e, se necessário, uso de medicação para aliviar sintomas como ansiedade, insônia e compulsão. “É fundamental repensar a relação com o trabalho e buscar um equilíbrio mais saudável entre as obrigações e o autocuidado”, pontua.
Orientação aos pacientes
Conforme a especialista, uma pessoa que não consegue ou não tem tempo para cuidar de si, não conseguirá cuidar de tudo e todos. Ela comenta que a criação de pausas reais na rotina, a reconexão com o que dá prazer e o ato de estabelecer limites, como, por exemplo, aprender a dizer “não” (um ato de autocuidado), são orientações dadas aos pacientes. Além disso, a médica salienta que procurar ajuda não é sinal de fraqueza, mas, sim, de coragem, pois cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar do corpo.
Síndrome de Burnout pode desencadear ansiedade e depressão
Rizzo argumenta que isso é mais comum do que se imagina, visto que a Síndrome de Burnout prolongada pode abrir caminho para quadros de ansiedade, depressão e outros transtornos emocionais. “Quando a pessoa sente que não tem saída, que está sempre no limite, o impacto na saúde mental é grande. Por isso, quanto mais cedo for identificado e tratado, melhor a chance de recuperação e de retomada da qualidade de vida”, finaliza.