57º Festival de Brasília celebra Zezé Motta e transforma estrutura para exibir 79 filmes

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Com uma homenagem à icônica Zezé Motta, o 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro não celebra apenas a trajetória da atriz, mas também a diversidade e a renovação do cinema nacional. Reconhecido como um dos principais eventos culturais do país, o festival apresenta uma edição reformulada, com uma estrutura inédita que promete enriquecer a experiência dos espectadores e valorizar a produção independente. Com 79 filmes na programação, o evento oferece uma amostra significativa da pluralidade do audiovisual brasileiro.

“Neste final de segundo semestre, conseguimos um número recorde de inscrições, totalizando 1.181 obras, sendo 277 longas-metragens e 953 curtas-metragens. Formamos uma equipe de curadoria que assistiu a todas as produções. Utilizamos uma tecnologia específica no processo de seleção para garantir a integridade na avaliação dos filmes”, afirmou Sara Rocha, diretora geral do festival.

“As comissões de seleção do festival puderam explorar um vasto universo de filmes, que comprovam a vitalidade e diversidade da produção nacional. Foi um processo ao mesmo tempo prazeroso e difícil, pois, mesmo com a ampliação do número de obras exibidas, muitos bons filmes ficaram de fora”, destacou Eduardo Valente, diretor artístico do festival para as próximas três edições.

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Coletiva do 57º FBCB – Foto: Tamires Rodrigues/Jornal de Brasília

Zezé Motta, uma das artistas mais importantes do cinema e da televisão no Brasil, recebe uma homenagem que resgata sua carreira e seu impacto no cenário cultural. Com papéis marcantes que moldaram a representação negra nas telas e palcos, Zezé é a figura ideal para esse reconhecimento, que também dialoga com o compromisso do festival de promover o cinema nacional e seus talentos. A cerimônia de homenagem à atriz é um dos momentos mais aguardados, ressaltando a importância de celebrar aqueles que abriram caminho para as gerações atuais.

O Cine Brasília, palco tradicional do festival, mantém seu papel central, mas, nesta edição, o evento ganhou novas salas de exibição. Essa estrutura ampliada permite que mais espectadores tenham acesso aos filmes e que cineastas independentes encontrem espaço para suas produções. O festival busca, assim, alcançar um público ainda maior e dar visibilidade a narrativas que muitas vezes ficam fora dos grandes circuitos comerciais. A expansão dos espaços é uma aposta na democratização do cinema e no fortalecimento da conexão entre público e criadores.

“Conseguimos construir um processo de visualização legítimo e íntegro. O resultado são 79 filmes brasileiros que serão exibidos, além de 9 mostras em destaque”, destacou Sara Rocha.

Cine Brasília ganha a Sala Vladimir Carvalho

Em reconhecimento ao legado de um dos maiores nomes do cinema brasileiro, o Cine Brasília passa a contar com a Sala Vladimir Carvalho. A nova nomenclatura, que homenageia o cineasta, foi anunciada durante o 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, um evento tradicional que este ano trouxe novidades tanto na estrutura quanto nas homenagens prestadas aos artistas que marcaram a história do país. A sala, agora com o nome de Carvalho, é um tributo à sua contribuição inestimável para o audiovisual nacional.

Vladimir Carvalho, cineasta e documentarista que dedicou sua carreira a obras que exploram a complexidade cultural e política do Brasil, viu sua trajetória ser eternizada em um dos locais mais emblemáticos para o cinema no Distrito Federal. Para ele, a homenagem é uma forma de celebrar sua história e sua profunda relação com o espaço de exibição. A mudança de nome simboliza o reconhecimento de seu trabalho, que abrange desde os retratos da cidade de Brasília até os aspectos mais pungentes da realidade social e política brasileira.

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Vladimir Carvalho – Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

“Este decreto, publicado hoje no Diário Oficial pelo governador Ibaneis Rocha, é um reconhecimento importante à obra de Vladimir Carvalho. Em momentos como este, é difícil falar de partida, mas é uma despedida cheia de saudade, uma justa homenagem a um grande mestre, professor generoso, polêmico e reverente. O legado de Vladimir para o cinema de Brasília e do Brasil é imensurável, e sua contribuição será lembrada por muitos anos”, disse o Secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Claudio Abrantes.

A ação vai além de uma simples nomeação: ela é um ato de ressignificação do cinema como memória e resistência, reverberando a importância de uma obra que, com sensibilidade e ousadia, narra as transformações e dilemas do Brasil. O público que frequentar o Cine Brasília poderá imergir nas reflexões propostas por Vladimir Carvalho e nas histórias que ele ajudou a contar ao longo de décadas.

Festival segue garantido por três anos

Sob a direção artística de Eduardo Valente, a 57ª edição do Festival de Brasília reúne uma programação repleta de filmes que destacam a diversidade estética e narrativa das produções brasileiras. A seleção de longas-metragens e curtas-metragens será remunerada com cachês de R$ 30 mil e R$ 10 mil, respectivamente, em um reforço à valorização do cinema nacional. A Mostra Brasília, que foca no audiovisual do Distrito Federal, contará com prêmios no total de R$ 240 mil, concedidos pelo 26º Troféu Câmara Legislativa.

O festival, que se caracteriza pela sua relevância e longevidade, também passa por uma gestão compartilhada. O secretário de Cultura do DF apontou o atual momento como um recomeço para o evento. “Ainda não tivemos os arranjos regionais da Ancine, mas estamos no processo de retomada. O festival é essencial para reposicionar o cinema do DF no seu devido lugar”, explicou.

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Trófeu Candango – Foto: Divulgação

O secretário também tranquilizou os envolvidos com o evento, afirmando que o Festival de Brasília está garantido para os próximos três anos. “Nos próximos três anos, o festival está garantido. Estamos falando do evento mais longevo, na sala de cinema mais icônica do país. O festival precisa estar em um nível elevado”, afirmou.

Programação

A programação de 79 filmes é variada, reunindo longas e curtas-metragens que exploram temas contemporâneos e históricos, com abordagens únicas e inovadoras. Desde o cinema experimental até produções de forte cunho social, os filmes selecionados refletem a diversidade da sociedade brasileira e oferecem novas perspectivas ao público. Em um momento de grandes transformações no audiovisual, o festival reafirma sua relevância ao dar espaço a vozes que estão fora dos holofotes e representam questões urgentes do país.

Além das exibições, o festival promove uma série de debates, oficinas e encontros com realizadores. Essas atividades complementares estimulam a troca de experiências entre profissionais e público, fortalecendo o ecossistema do cinema nacional. Para jovens cineastas, especialmente, é uma chance de dialogar com o público e outros artistas, ganhando visibilidade e consolidando suas trajetórias. Esses encontros reforçam o papel do festival como espaço de formação e reflexão sobre a produção audiovisual.

A escolha de homenagear Zezé Motta é também uma lembrança da importância de preservar a memória e o legado artístico. Zezé, que ao longo de décadas conquistou respeito e admiração, representa a força e a resistência de artistas que enfrentaram barreiras e desafios ao longo de suas carreiras. Sua presença no festival é um símbolo de inspiração para os novos talentos que estão apenas começando, incentivando-os a perseguir seus sonhos no cinema.

O festival, ao destacar produções independentes, reafirma a importância de um cinema acessível e representativo. Em um cenário onde o mercado cinematográfico é dominado por produções estrangeiras e grandes estúdios, o evento cumpre um papel fundamental ao abrir espaço para cineastas de todas as regiões e estilos. Essa iniciativa contribui para a renovação da linguagem cinematográfica brasileira e para o fortalecimento de um cinema que dialoga diretamente com a realidade do país.

Confira a programação completa:

FILME DE ABERTURA
30 de novembro, 21h30, no Cine Brasília – Sala de Cinema Vladimir Carvalho e, às 20h, nas RAs
Criaturas da Mente
Direção: Marcelo Gomes
Reprise: 1º de dezembro, 18h, no Cine Brasília – Sala 2

FILME DE ENCERRAMENTO 
7 de dezembro, às 21h30, no Cine Brasília – Sala de Cinema Vladimir Carvalho
O Menino d’Olho d’Água
Direção: Lírio Ferreira e Carolina Sá

MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL
1º de dezembro 
Curtas
Maremoto (RN), de Cristina Lima e Juliana Bezerra
Chibo (RS), de Gabriela Poester e Henrique Lahude

Longa 
Suçuarana (MG), de Clarissa Campolina e Sérgio Borges

2 de dezembro
Curtas
Inlamável (DF), de Rafael Ribeiro Gontijo
Javyju – Bom Dia (SP), de Kunha Rete e Carlos Eduardo Magalhães

Longa
Pacto da Viola (DF), de Guilherme Bacalhao

3 de dezembro
Curtas
Mar de Dentro (PE), de Lia Letícia
Confluências (DF), de Dácia Ibiapina

Longa
Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá (MG), de Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna

4 de dezembro
Curtas
E Assim Aprendi a Voar (RO), de Antonio Fargoni
Mãe do Ouro (MG), de Maick Hannder

Longa
Enquanto o Céu Não Me Espera (AM), de Christiane Garcia

5 de dezembro 
Curtas
Descamar (DF), de Nicolau
Kabuki (SC), de Tiago Minamisawa

Longa
Salomé (PE), de André Antonio

6 de dezembro
Curtas
Dois Nilos (RJ), de Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro
E Seu Corpo é Belo (RJ), de Yuri Costa

Longa
A Fúria (SP), de Ruy Guerra e Luciana Mazzotti

MOSTRA BRASÍLIA

3 de dezembro
Curtas
Caravana da Coragem, de Pedro B. Garcia
A Sua Imagem na Minha Caixa de Correio, de Silvino Mendonça

Longa
Nada, de Adriano Guimarães

4 de dezembro
Curtas
Manequim, de Danilo Borges e Diego Borges
ONA, de Clara Maria e M4vi Afroindie

Longa
Manual do Herói, de Fáuston da Silva

5 de dezembro
Curtas
Xarpi, de Rafael Lobo
Via Sacra, de João Campos

Longa
A Câmara, de Cristiane Bernardes e Tiago de Aragã

6 de dezembro 
Curtas
Kwat e Jaí – Os Bebês Heróis do Xingu, de Clarice Cardell
Cemitério Verde, de Maurício Chades

Longa
Tesouro Natterer, de Renato Barbieri

MOSTRA CALEIDOSCÓPIO

2 de dezembro
Palimpsesto (MG), de André Di Franco e Felipe Canêdo

3 de dezembro
Trópico de Leão (SP), de Luna Alkalay

4 de dezembro
Filhas da Noite (PE), de Henrique Arruda e Sylara Silvério

5 de dezembro 
Future Brilliant (SP), de Abílio Dias

6 de dezembro 
Topo (SP), de Eugenio Puppo

MOSTRA PARALELA / FESTIVAL DOS FESTIVAIS

2 de dezembro, Sala de Cinema Vladimir Carvalho, às 18h
Apocalipse nos Trópicos (DF/RJ/SP), de Petra Costa

4 de dezembro, Sala 2, às 19h
Kasa Branca (RJ), de Luciano Vidigal

5 de dezembro, Sala 2, às 19h 
A Queda do Céu (SP), de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha

6 de dezembro, Sala 2, às 15h 
Oeste Outra Vez (GO), de Erico Rassi

MOSTRA PARALELA / A FORMAÇÃO DOS BRASIS

1 de dezembro, Sala de Cinema Vladimir Carvalho, às 15h
Barreto, Fotógrafo das Lentes Nuas (RJ), de Miguel Freire

3 de dezembro, Sala 2, às 18h
Ausente (MG), de Ana Carolina Soares

5 de dezembro, Sala 2, às 17h 
Quem É Essa Mulher? (BA/RJ), de Mariana Jaspe

6 de dezembro, Sala 2, às 17h 
Brasiliana: A História do Musical Negro que Apresentou o Brasil ao Mundo (MG/RJ), de Joel Zito Araújo

SESSÕES ESPECIAIS

1º de dezembro, às 18h, no Cine Brasília – Sala de Cinema Vladimir Carvalho
Meteorango Kid – Herói Intergalático (cópia restaurada)
Direção: André Luiz Oliveira

1º de dezembro, às 19h, no Cine Brasília – Sala 2
Xica da Silva
Direção: Cacá Diegues

2 de dezembro, às 19h, no Cine Brasília – Sala 2
Procura-se Meteorango Kid: Vivo ou Morto 
Direção: Marcel Gonnet e Daniel Fróes

7 de dezembro, às 11h, no Cine Brasília – Sala de Cinema Vladimir Carvalho
Sinfonia da Sobrevivência
Direção: Michel Coeli

MOSTRA PARALELA / FESTIVALZINHO

1 de dezembro, Sala de Cinema Vladimir Carvalho, às 10h 
Longa
Abá e Sua Banda (RJ), de Humberto Avelar

4 de dezembro, Sala de Cinema Vladimir Carvalho, às 10h 
Longa
Marraia (ES), de Diego Scarparo

5 de dezembro, Sala de Cinema Vladimir Carvalho, às 10h 
Longa
Joãozinho – O Filme (DF) de Fáuston da Silva

6 de dezembro, Sala de Cinema Vladimir Carvalho, às 10h 
Curtas
Outro Lugar (MT), de Perseu Azul
Maréu (RJ), de Nicole Schlegel
A Menina que Queria Voar (BA), de Tais Amordivino
A Menina e o Flautista (SP), de Lara Dezan

7 de dezembro, Sala de Cinema Vladimir Carvalho, às 9h 
Longa
Abá e Sua Banda (RJ), de Humberto Avelar

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