Companhia das Letras vence prêmio de melhor editora infantil da América Latina

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BRUNO MOLINERO
BOLONHA, ITÁLIA (FOLHAPRESS)

A Companhia das Letras venceu nesta segunda-feira (31), o prêmio de melhor editora de livros infantis da América Latina. O anúncio foi feito durante a Feira do Livro Infantil de Bolonha, onde os brasileiros ganharam o BOP, sigla do Bologna Prize for the Best Children’s Publishers of the Year, troféu concedido todos anos para as editoras que mais se destacam na publicação para crianças.

O troféu não é inédito para o Brasil, mas é quase. O país só tinha sido reconhecido uma única vez, em 2013, quando a extinta Cosac Naify foi a ganhadora da mesma categoria, na qual concorrem os selos latino-americanos.

“A Companhia já tinha sido finalista outras duas vezes e ficamos muito felizes de vencer agora”, disse Ana Tavares, editora-executiva da área infantojuvenil, depois da premiação em Bolonha. “Mas acho que é um prêmio de todo mundo, porque ele mostra não só o trabalho da Companhia, mas a qualidade do livro infantil brasileiro como um todo. Existe hoje uma escola brasileira de livro e de ilustração respeitada internacionalmente.”

Criado em 2013, o BOP premia editoras que se destacam com obras para a infância em seis regiões do mundo: África, América do Norte, América Latina, Ásia, Europa e Oceania. Isso faz com que a concorrência brasileira seja alta, já que a competição ocorre entre selos que vão do México ao Uruguai -só para comparar, na América do Norte competem apenas participantes dos Estados Unidos e do Canadá, por exemplo.

Os outros ganhadores foram Imagnary House, da África do Sul; Everafter Books, da China; Fatatrac, da Itália; Candlewick Press, dos Estados Unidos; e Mila’s Books, da Nova Zelândia.

Neste ano, os outros finalistas latino-americanos foram os chilenos Claraboya Ediciones e Ediciones Liebre, além dos argentinos Ediciones Iamiqué e Lecturita Ediciones. No ano passado, a brasileira Solisluna também foi finalista, mas perdeu o troféu para a colombiana Cataplum Libros.

Vale lembrar que a Companhia das Letras está entre as maiores editoras do continente. Dona dos selos infantis Companhia das Letrinhas, Pequena Zahar, Escarlate e Brinque-Book, a empresa teve o seu controle majoritário adquirido em 2018 pela Penguin Random House, o que colocou a casa entre as principais do mundo editorial.

Um ano depois, a Penguin foi adquirida pelo grupo alemão Bertelsmann -hoje, o conglomerado conta com 80 mil funcionários em cerca de 50 países, tendo gerado uma receita de 20 bilhões de euros em 2023, ou aproximadamente R$ 127 bilhões.

“Nós fizemos uma avaliação interna nos últimos anos e identificamos uma série de lacunas no catálogo, como falta de escritores indígenas e de histórias afro-brasileiras, por exemplo. Os selos mais recentes, como a Brinque-Book e a Pequena Zahar, surgem desse esforço de bibliodiversidade. Acho que isso pode ter influenciado no prêmio. Hoje publicamos uma variedade grande de histórias, linguagens, estilos, autores”, afirma Tavares.

A Feira do Livro Infantil de Bolonha é um dos eventos mais importantes da literatura infantojuvenil mundial. Realizado anualmente, a programação reúne cerca de 1.500 exibidores de 90 países nesta edição, além de milhares de autores e ilustradores que batem perna para apresentar seus trabalhos e lançamentos. A programação segue até quinta (3).

Além do prêmio para a Companhia das Letras, o Brasil também está representado com dois ilustradores em Bolonha. Bruno de Almeida foi o artista escolhido para criar a identidade visual do evento deste ano e exibir as suas artes pelos pavilhões da feira.

Além dele, o também brasileiro Henrique Coser Moreira expõe no local as imagens do seu livro inédito “La Danza del Cielo y la Tierra”, publicado na Espanha pela Fundação SM após o autor ter vencido no ano passado o prêmio International Illustration Award. A obra visual, feita completamente sem palavras, é inspirada na cultura do povo krenak e aborda temas como a destruição da natureza, mas ainda não tem previsão de chegar ao Brasil.

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