Saiba como é Mianmar, país afetado por terremoto

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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

Mianmar foi atingida por um terremoto de magnitude 7,7 na última sexta-feira. Até o momento, mais de 2.000 mortes foram confirmadas, mas o Serviço Geológico dos Estados Unidos estima que o número de vítimas fique acima de 10 mil. O órgão também avalia que o custo financeiro da catástrofe pode ser de bilhões de dólares, superando até mesmo o PIB do país.

O QUE SE SABE SOBRE O PAÍS

Colônia da Grã-Bretanha até 1948, Mianmar fica no sudeste da Ásia e faz fronteira com países como Tailândia, China e Índia. Tem cerca de 54 milhões de habitantes -um pouco mais do que o estado de São Paulo.

A pobreza no país dobrou em seis anos, afetando mais de 49,7% da população. Levantamento do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) mostrou que, em 2023, quase metade da população vivia com 75 centavos de dólar por dia (R$ 4,29 na cotação atual) -em 2017, esse percentual era de 24%.

O cultivo de arroz é a base da economia do país, que sofreu grandes impactos durante a pandemia de covid-19. O PIB caiu 17,9% em 2021 não só devido à doença, mas também por causa do golpe militar ocorrido em fevereiro do mesmo ano, destaca o PNUD.

Mianmar tem capital considerada “cidade fantasma”. Em 2005, Naypyidaw tornou-se a capital do país, substituindo Yangon, município com o maior centro urbano de Mianmar. Como Naypyidaw tem poucos habitantes, muitos a chamam de “cidade fantasma”.

GOLPE MILITAR EM 2021

Atualmente, o país é governado por uma junta militar. Jornais, rádios, TV são controlados pelos militares, que também limitam o acesso à internet, dificultando a divulgação de informações sobre mortos e feridos na tragédia.

Ex-líder civil, a vencedora do Nobel da Paz Aung San Suu Kyi foi presa após o golpe de 2021 e condenada a 27 anos de prisão. Ela foi acusada de corrupção, desrespeito às medidas restritivas da covid-19 e posse de walkie-talkies ilegais, mas a família e organizações de direitos humanos sempre sustentaram que ela é uma presa política.

Em abril de 2024, a junta militar permitiu que Suu Kyi cumprisse pena em regime domiciliar. A decisão foi tomada para que, aos 78 anos, ela pudesse preservar sua saúde durante as fortes ondas de calor no país.

Desde o golpe, mais de 5 mil pessoas morreram em virtude da repressão do regime e 24 mil foram presas em Mianmar. Após meses de manifestações contra a junta, a violência e a repressão também resultaram em mais de 1 milhão de deslocados, segundo a ONU. O Exército justifica a tomada de poder com uma suposta fraude eleitoral generalizada nas eleições de novembro de 2020.

TERREMOTOS SÃO COMUNS NA REGIÃO

Localizado em uma área geologicamente muito ativa, o país está entre quatro placas tectônicas convergentes. Os movimentos delas causam tremores de terra.

Mianmar está no Círculo de Fogo do Pacífico, onde ocorrem 90% de todos os terremotos do mundo, segundo o Instituto de Ciências Geológicas e Nucleares da Nova Zelândia. A movimentação das placas tectônicas foi relativamente superficial, a cerca de 10 km de profundidade. Por isso, o terremoto da semana passada foi sentido com tanta intensidade.

O país sofreu um terremoto de magnitude 6,8 em 2016 que matou quatro pessoas. Em 2011, um tremor da mesma magnitude matou 74 pessoas e destruiu 130 construções.

TRÁFICO HUMANO NO PAÍS

Dois brasileiros foram vítimas de tráfico humano em Mianmar. Eles eram forçados a trabalhar em uma fábrica de golpes online. Luckas Viana dos Santos e Phelipe de Moura Ferreira conseguiram fugir e foram resgatados. Eles haviam aceitado uma proposta de emprego na Tailândia quando foram sequestrados.

A Tailândia resgatou 7.000 pessoas sequestradas em Mianmar em fevereiro de 2024. Assim como os brasileiros, elas eram obrigadas a trabalhar aplicando golpes pela internet.

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