Ex-refém israelense pede que Trump aja para fim de guerra com Hamas

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O ex-refém israelense Yarden Bibas, cuja esposa e filhos foram mortos durante o cativeiro em Gaza, afirmou que a recente retomada das operações militares de Israel não ajudaria a libertar os reféns mantidos no território palestino. Em sua primeira entrevista desde que foi libertado, em fevereiro, pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pressione Israel a encerrar a guerra e resgatar os cativos restantes.

“Por favor, pare esta guerra e ajude a trazer de volta todos os reféns”, disse Bibas, dirigindo-se a Trump, em uma entrevista ao programa “60 Minutes” da CBS News, exibida na noite deste domingo (30).

“Eu sei que ele pode ajudar”, acrescentou. “Acredito que ele seja o único que pode deter essa guerra de novo”, enfatizou.

Israel retomou os bombardeios intensos em 18 de março e lançou uma nova ofensiva terrestre, encerrando um cessar-fogo de quase dois meses.

Após assumir a Presidência em janeiro, Trump propôs um deslocamento em massa dos 2,4 milhões de pessoas que vivem no território palestino, sem possibilidade de retorno. Depois, em uma mudança de tom, o presidente dos EUA afirmou que vai recomendar, mas não impor seu plano, que lhe rendeu acusações de limpeza étnica.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse que Israel está trabalhando na ideia de deslocar os moradores de Gaza para outros países. Segundo ele, após a guerra, Tel Aviv “permitiria a implementação do plano de Trump”.

Diante dessa proposta, um dirigente do Hamas convocou nesta segunda-feira (31) seus simpatizantes a pegarem em armas para lutar contra esse projeto. “Diante deste plano sinistro, que combina massacres com fome, qualquer pessoa que possa portar armas, em qualquer parte do mundo, deve entrar em ação”, afirmou Sami Abu Zuhri em comunicado.

Nesta segunda-feira, o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governado pelo Hamas, informou que 1.001 pessoas morreram no território palestino desde a retomada dos bombardeios israelenses, em março.

Yarden Bibas disse que não acredita que a retomada dos combates em Gaza encorajaria o Hamas a libertar os reféns.

Militantes do movimento terrorista sequestraram Bibas, sua esposa Shiri e seus dois filhos pequenos, Ariel e Kfir, durante os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, que desencadearam a guerra. Ele foi libertado em fevereiro em meio ao primeiro acordo de trégua.

A família -em particular as crianças, Ariel, de quatro anos, e Kfir, de apenas oito meses, quando foram sequestradas- se tornou um símbolo da tragédia dos reféns em Israel.

As autoridades israelenses acusaram o Hamas de assassinar Shiri, Ariel e Kfir Bibas “a sangue frio”. Os corpos foram devolvidos em fevereiro, após a libertação do pai.

Bibas disse à CBS News que, enquanto estava detido em Gaza, os bombardeios israelenses “davam medo”. “Você não sabe quando eles vão acontecer e, quando acontecem, você teme por sua vida”.

Dos 251 reféns sequestrados durante o ataque de 2023, 58 permanecem em Gaza, incluindo 34 que, segundo o Exército israelense, estariam mortos.

No dia 25 de março, após uma vitória para o governo de Binyamin Netanyahu, o presidente de Israel, Isaac Herzog, afirmou que reféns em Gaza infelizmente não são mais tratados como prioridade.

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