Jordan Bardella, o plano B da extrema direita para a presidência da França

O candidato do Reagrupamento Nacional (RN, extrema direita), Jordan Bardella, sorri para militantes após a vitória nas eleições para o Parlamento Europeu na França, em Paris, em 9 de junho de 2024Julien de Rosa

JULIEN DE ROSA

Jordan Bardella é um jovem de 29 anos autoconfiante e popular nas redes sociais, que se estabeleceu como alternativa da extrema direita para a eleição presidencial apesar de não ter o sobrenome Le Pen.

A inabilitação por cinco anos imposta nesta segunda-feira à Marine Le Pen para concorrer a cargos públicos alimentou especulações de que seu jovem protegido a substituirá como candidata presidencial em 2027.

“Não é mistério que Jordan Bardella seria o candidato mais bem colocado hoje”, disse Louis Aliot, referindo-se àquela que já foi sua rival pela presidência do partido Reagrupamento Nacional (RN).

A filha de Jean-Marie Le Pen, o controverso fundador da Frente Nacional (renomeado RN), já encarregou Bardella de liderar seu partido nas eleições europeias de 2019 e 2024, vencendo em ambas as ocasiões.

A líder de fato do RN, presidido por Bardella desde 2021, confirmou em meados de junho que o jovem político seria o primeiro-ministro, caso conquistassem maioria absoluta nas eleições legislativas. Não conseguiram.

“Ela a considera como um filho espiritual”, assegura um deputado próximo a ambos. A ultradireitista também o vê como sua “dupla executiva”, se fosse eleita presidente.

Mas para seus críticos, a imagem de “genro ideal”, sempre vestido e penteado de forma impecável, busca esconder um político carente de conteúdo, assim como as raízes antissemitas e racistas de seu partido.

– “Capitão, meu capitão” –

Diante do público, ele apresenta uma biografia diferente do clã Le Pen e parece convencer. É preferido por 31% dos franceses contra 16% que optam pela líder de extrema direita, segundo com uma pesquisa da Odoxa sobre ambos publicada nesta segunda-feira.

Nascido em 1995 no seio de uma família de origem italiana, o eurodeputado sempre destaca que cresceu em um prédio de habitações sociais de um subúrbio de Paris marcado pelo “tráfico de drogas” e por meninas “com véu” islâmico.

Mas Bardella, criado por sua mãe, geralmente evita falar de seu pai, um próspero empresário que lhe deu um carro de presente e alugou um apartamento para ele, e com quem passa os fins de semana em uma casa em regiões mais abastadas.

Soma-se a isso a sua estratégia nas redes sociais para atrair jovens. É uma das personalidades preferidas no TikTok, com quase 2 milhões de seguidores, e costuma postar selfies após cada comício ou deslocamento.

Seus seguidores não hesitam em publicar vídeos dele, até mesmo desenhando corações. “Capitão, meu capitão, precisamos que você nos guie”, diz a trilha sonora de um dos vídeos publicados durante a campanha para as eleições europeias.

Em termos ideológicos, Bardella oferece uma face mais liberal na economia do que Le Pen e mais conservadora no aspecto social, mas sem abandonar sua linha contra imigração, insegurança e ecologia “punitiva”.

– Lado patriótico –

Em seu livro “Ce que je cherche” (O que procuro, em tradução livre), publicado em novembro, o jovem afirma querer unir “os franceses das classes trabalhadoras e uma parte da burguesia conservadora” em busca da “unidade do lado patriótico”.

Os rivais de Bardella, que não terminou o curso universitário de Geografia para se dedicar à carreira política, o acusam de não conhecer profundamente temas importantes e de não ter posições claras.

“Não sou como você, mudando de opinião sobre tudo (…), dizendo ‘queremos sair da Europa’ e depois ‘no final queremos ficar’; ‘queremos sair do euro’, ‘e no final queremos ficar'”, disse em maio de 2024 durante um debate o então primeiro-ministro Gabriel Attal a Bardella.

Um reportagem da televisão pública francesa denunciou em janeiro que Bardella usou de 2015 a 2017 uma conta anônima do Twitter (rebatizado X) “RepNat du Gaito” para compartilhar mensagens racistas, algo que ele nega.

E em novembro, Bardella, que se uniu à Frente Nacional em 2012, considerou que seu fundador, Jean-Marie Le Pen, não era “antissemita”, apesar de suas condenações judiciais, antes de voltar atrás devido à polêmica gerada.

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