Angélica Torres Lima lança ‘Poemas de tError’ e transforma memória em resistência

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A poesia como testemunho do tempo. Essa é a essência de Poemas de tError, novo livro de Angélica Torres Lima, que será lançado nesta segunda-feira (31), das 18h às 23h, no Bar Beirute da 109 Sul. Com mais de 40 anos de experiência no jornalismo e cinco décadas dedicadas à poesia, a autora utiliza seus versos como registro e reflexão sobre eventos marcantes da última década no Brasil e no mundo.

Angélica dialoga com uma tradição literária que entrelaça memória e história, transformando sua vivência profissional em uma autêntica caixa de Pandora poética. A obra transita por conflitos e injustiças, inspirando-se no pensamento de Roland Barthes, que via na literatura uma ferramenta de emancipação e resistência contra o autoritarismo. “Entendo que é papel do poeta descer da tal ‘torre de marfim’, sair um pouco do chamado ‘eu lírico’ ou, digamos, da ‘self poética’, e dar sua contribuição à história quando o momento pede”, afirma Angélica em entrevista ao Jornal de Brasília.

Poesia como testemunho

Poemas de tError mergulha em episódios recentes que expõem feridas sociais. Entre os homenageados, está Moïe Kabagambe, refugiado congolês brutalmente assassinado no Rio de Janeiro em 2022. Além disso, a obra ecoa vozes de vítimas da ditadura militar e das tragédias enfrentadas pelo povo palestino. A escolha por uma abordagem direta, sem subterfúgios metafóricos, foi um impulso natural para a autora. “Foi um impulso de indignação diante do que estava sendo armado sem o menor pudor, diante de todos nós”, revela.

Dividido em quatro seções – Ruínas, Coronados, Duro Mundo e Error –, o livro constrói uma narrativa que alterna entre a violência da realidade e a busca por esperança, ainda que em pequenas frestas. “Fui selecionando, buscando uma sequência e dividindo os poemas relativos ao golpe ao governo do trabalhador, à pandemia, à distopia mundial e ao ‘erro’ nessa sucessão de tragédias, onde ainda cabia uma certa esperança, expressa em divagações pessoais”, explica a autora. O olhar de Angélica, no entanto, não se prende ao lamento: há espaço também para a delicadeza e a resistência afetiva. “A emoção está por si na escritura de poemas, seja qual for o motivo que a detona. E não está menos no instinto que impulsiona a resistência”, pontua.

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Foto: Divulgação

Uma trajetória de palavras

Com uma carreira marcada pela literatura e pelo jornalismo, Angélica Torres Lima publicou livros como Sindicato de Estudantes (1986), O Poema Quer Ser Útil (2006) e O Nome Nômade (2015), semifinalista do Prêmio Oceanos. Também participou de diversas antologias e reafirma, com Poemas de tError, seu compromisso com a escrita como ato de testemunho e provocação. Para ela, o maior desafio da poesia no Brasil atual é “manter-se atuante no seu lugar, mesmo sendo pouco lida e apreciada de fato, apesar de sempre cercada por uma aura de charme”.

No posfácio da obra, a poeta e jornalista Ana Maria Lopes observa que, apesar do tom crítico, não há ranço ideológico ou desejo de acerto de contas. O que se destaca é a sinceridade de uma autora que, mais do que observadora, é parte das histórias que narra.

Serviço
Lançamento – ‘Poemas de tError’

Data: 31 de março (segunda-feira)
Horário: A partir das 18h
Local: Bar Beirute, 109 Sul, Brasília
Preço do livro: R$ 48
Editora: 7Letras
Onde comprar online: www.7letras.com.br

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