Distribuição de dividendos cresce 3,7% no Brasil, abaixo da média emergente

JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

As empresas brasileiras listadas na Bolsa distribuíram 3,7% mais dividendos em 2024 que em 2023. A alta, porém, ficou abaixo da média de 7,9% de mercados emergentes e da média global de 5,2%.

As estatísticas estão no Índice Global de Dividendos, elaborado pela gestora britânica Janus Henderson. Segundo o levantamento, foram US$ 22,4 bilhões (R$ 129 bilhões) distribuídos no ano passado, ante US$ 21,6 bilhões (R$ 124 bilhões) de 2023. O recorde do levantamento segue de 2022, quando foram US$ 34,8 bilhões (R$ 200 bilhões) distribuídos, em meio ao aumento de gastos do governo federal em ano eleitoral.

A Petrobras respondeu por quase metade dos dividendos brasileiros do ano passado, com US$ 10,83 bilhões (R$ 62,4 bilhões). A estatal foi a 14ª empresa do mundo que mais distribuiu lucros. A segunda brasileira com mais dividendos foi a Vale, com US$ 4,16 bilhões (R$ 24 bilhões), apesar de uma forte queda que afetou quase todo o setor de mineração, diante da queda nos preços do minério de ferro.

No mundo todo, foram distribuídos US$ 1,75 trilhão. A Microsoft foi, pelo segundo ano seguido, a empresa que mais pagou dividendos, com US$ 22,9 bilhões distribuídos —mais que todas as empresas brasileiras juntas.

17 países dos 49 acompanhados pela gestora tiveram distribuição recorde de dividendo. Entre eles Estados Unidos, Canadá, França, Japão e China.

Em relação às companhias, 88% aumentaram ou mantiveram estável a distribuição de dividendos —a mediana do crescimento foi de 6,7%.

Grande parte deste crescimento veio da Meta e da Alphabet nos EUA, e da Alibaba, na China. Entre esses, foram distribuídos US$ 15,1 bilhões, que representaram um quinto do crescimento global de dividendos em 2024.

Porém, quase metade do crescimento dos dividendos de 2024 veio das finanças, em particular dos bancos, cujos dividendos aumentaram 12,5%.

“Algumas das empresas mais valiosas do mundo, particularmente aquelas com raízes no setor de tecnologia dos EUA, estão começando a pagar dividendos pela primeira vez, e estão dando um incentivo significativo ao crescimento de dividendos global”, diz Jane Shoemake, gerente de portfólio da Janus Henderson.

A previsão da gestora para 2025 é de um crescimento global de 5%, para o recorde de US$ 1,83 trilhão.
“Espera-se que a economia global continue a crescer a um ritmo razoável, mas o risco de tarifas e possíveis guerras comerciais, juntamente com o alto nível de empréstimos do governo em muitas grandes economias, pode levar a uma maior volatilidade do mercado em 2025”, afirma Shoemake.

O especialista cita a previsão do mercado de alta de 10% no lucro das companhias, apesar de juros ainda elevados.

“Mesmo que isso seja excessivamente otimista, dados alguns dos atuais desafios econômicos e geopolíticos globais, a boa notícia para os investidores em renda é que os dividendos geralmente se mostram muito mais resilientes do que os lucros através dos ciclos econômicos.”

Adicionar aos favoritos o Link permanente.