Fórmula 1 em rosa-choque

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A temporada de 2025 da Fórmula 1 começou com boas notícias para o público feminino. Laura Müller entrou para a história ao se tornar a primeira Engenheira de Corrida na categoria principal do automobilismo mundial. Funcionária da Haas desde 2022, ela se destacou no departamento de simuladores e foi promovida ao cargo até então só confiado a homens na F1. A alemã está trabalhando com o novo piloto da equipe, Esteban Ocon. 

Em janeiro, a Haas também anunciou a engenheira mecânica francesa Carine Cridelich como sua primeira chefe de estratégia de corrida. Ela assumiu no início do mês, depois de deixar a RB (atual Racing Bulls). 

Atualmente, Hannah Schmitz desempenha o cargo de engenheira mecânica da Red Bull; Margarita Díez é engenheira-chefe de powertrain na Mercedes; Bernadette Collins é chefe de estratégia de corrida da Aston Martin e Julie Coulter é engenheira de projeto da McLaren.

E na Ferrari, Lewis Hamilton resgatou a fisioterapeuta Angela Cullen, que trabalhou com ele na Mercedes e fez parte da conquista de seis dos sete títulos mundiais do britânico.

Estes são apenas alguns dos recentes exemplos de mulheres se destacando no universo masculino da F1 e indicadores incontestáveis de que a categoria tem tudo para ser o grande exemplo da equidade de gênero. 

Mas apesar das últimas grandes conquistas em cargos estratégicos, a presença feminina ainda é considerada baixa no âmbito geral, e por isso a categoria vem buscando iniciativas para se tornar mais inclusiva.

Uma das principais ações nessa direção vem da própria Federação Internacional de Automobilismo (FIA), que nomeou uma mulher para ocupar um dos seus cargos de vice-presidência. 

Trata-se da brasileira Fabiana Ecclestone, que durante 25 anos trabalhou na organização do GP do Brasil e agora é responsável por todas as iniciativas da FIA na América do Sul.

Em 2019 também foi criada a W Series, categoria de corridas exclusivamente feminina, mas que se viu obrigada a suspender as três últimas corridas do calendário e encerrar ainda na temporada de estreia, por falta de patrocínio. 

Para suprir o buraco deixado pela W Series, em novembro de 2022 surgiu a F1 Academy, sob sanção da FIA e tendo como diretora a britânica Susie Wolff, também ex-chefe de equipe e diretora executiva da Venturi Racing na Fórmula E. 

O Brasil conta com duas representantes no grid da Academy este ano: Aurelia Nobels, em sua segunda temporada e ligada à  equipe ART Grand Prix, e Rafaela Ferreira, que fez uma estreia promissora como titular da Campos, com o apoio da Racing Bulls, pontuando já na primeira corrida, depois de largar em 16° e escalar o pelotão até fechar no TOP 5.

As brasileiras sonham disputar a categoria maior, lutando para vencer estatísticas não muito favoráveis, uma vez que até hoje apenas cinco mulheres assumiram um cockpit como titulares.

Nas últimas semanas, o nome de Susie Wolf voltou a ganhar força, surgindo como eventual candidata à presidência da FIA, em um confronto direto com  Mohammed Ben Sulayem, disposto a buscar um novo mandato nas eleições de dezembro deste ano.

A possível candidatura de Wolff também reforça o momento em que a participação feminina no automobilismo está em ascensão. 

Estatísticas mostram que 41% do público atual nos autódromos é representado por mulheres e o grupo que mais cresce é o da faixa etária entre 16 a 24 anos.

E elas são também mais da metade dos 25 milhões de novos fãs da F1 no Brasil, segundo os últimos levantamentos apurados nas etapas do GP de São Paulo.

Se dentro dos circuitos as arquibancadas já estão se colorindo de rosa, o desejo é que a representatividade feminina não demore a estar também ao volante dos monopostos como titulares. 

Afinal, a descabida frase de que “lugar de mulher é pilotando um fogão” ficou para trás há muito tempo.

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