Chafariz austríaco do século XIX sofre com depredações e vira banheiro a céu aberto na Cinelândia

O problema da depredação de monumentos é antigo e se repete em outras obras em bairros como Ipanema, Tijuca e São Cristóvão. Chafariz austríaco do século XIX sofre com depredações e vira banheiro a céu aberto na Cinelândia
Os monumentos históricos do Rio de Janeiro continuam sofrendo com furtos e depredações. Um chafariz, trazido da Áustria por Dom Pedro II e localizado na Cinelândia, está perdendo suas peças e virou um banheiro a céu aberto.
A fonte secou em 2017, e desde então, está sem água, sem visitas e sem cuidados. Para reparar o chafariz hoje, é preciso ser apaixonado por história, como é o caso de Marconi Andrade.
Marconi, um restaurador e vigilante ativo desse patrimônio, publicou nas redes sociais um vídeo denunciando os problemas encontrados. “Isso é um absurdo! Tudo rachado! Tão importante, tão lindo, e ninguém faz nada. Nada! Absolutamente nada! Isso é a nossa história! É o nosso passado!”, desabafou.
A equipe do RJ2 foi ver de perto a situação. As asas dos querubins, que estão no colo das figuras, foram levadas. Além disso, uma boa parte das alegorias está faltando, e as estátuas de mármore estão sem pedaços das mãos e do nariz. “É uma vandalização total. Além disso, há um afundamento em todo o sistema de escadaria do monumento”, destacou Marconi.
Feito de ferro fundido, esculpido em Viena, trazido de Paris pelo imperador e tombado pelo IPHAN, o chafariz agora virou mictório, vaso e chuveiro.
O problema da depredação de monumentos é antigo e se repete em outras obras. Na Praça XV, já levaram placas, painéis e a grade que protegia uma estátua do General Osório. A placa do Museu do Primeiro Reinado, em São Cristóvão, também foi furtada.
No mês passado, na Tijuca, levaram o busto de Alfredo de Paula Freitas. “Sabe qual o nosso problema? Estamos pregando no deserto. Diariamente fazemos denúncias pelas redes sociais, e nosso grupo nasceu justamente por causa de uma denúncia”, lamentou Marconi.
O chafariz abandonado fica na Praça Mahatma Gandhi. A imagem do indiano está lá, mas sem o característico cajado, que foi roubado. Pelo visto, nem o líder pacifista consegue ficar em paz por aqui.
A Secretaria Municipal de Conservação e serviços públicos do Rio disse que faz a manutenção semanal do chafariz da Cinelândia e, ao saber do furto da peça, determinou o registro da ocorrência na delegacia.
Ainda de acordo com a secretaria, esse ano foram registrados sete casos de furtos ou vandalismo a monumentos no Rio. A secretaria municipal de conservação disse, ainda, que programa os reparos em cada caso, dentro do cronograma de manutenção, e que destinou 800 mil reais no ano passado pra recuperação de peças furtadas ou vandalizadas.
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