Lula diz não ter ‘nenhum problema’ em ligar para Trump e discutir tarifas dos Estados Unidos

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado que não terá problema de ligar para o líder dos Estados Unidos, “na hora que sentir necessidade de conversar” sobre o tarifaço previsto para começar na semana que vem.

— Na hora que eu sentir necessidade de conversar com o presidente Trump, eu não terei nenhum problema de ligar para ele. Na hora que ele achar que tem interesse de conversar comigo, eu espero que ele não tenha nenhum problema de ligar para mim”, disse Lula, durante entrevista à imprensa, no Vietnã.

Na mesma entrevista, o presidente disse que o Brasil tenta negociar com os Estados Unidos antes de tomar outras medidas, como adotar a reciprocidade. Ele ameaçou recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e sobretaxar os produtos americanos, caso itens brasileiros sejam tributados.

— Antes de fazer a briga da reciprocidade e de fazer a briga na Organização Mundial do Comércio, a gente quer gastar todas as palavras que estão no nosso dicionário para fazer o livre comércio com os Estados Unidos — declarou Lula a jornalistas, no encerramento de sua visita ao Vietnã.

Nesta semana, Trump afirmou que iria taxar em 25% “todos os automóveis que não são fabricados nos Estados Unidos”. A medida também atinge peças automotivas avulsas.

O Brasil não é diretamente afetado, neste caso, porque não exporta para os EUA. Mas pode ser impactado porque a cadeia de suprimentos da indústria automotiva é global.

Além do anúncio das tarifas sobre os automóveis, que entrará em vigor em 3 de abril, Trump prometeu adotar tarifas recíprocas sobre os países que taxam os produtos americanos em 2 de abril e taxas sobre o aço e o alumínio, também de 25%, que entraram em vigor no dia 12 de março. Na sexta-feira, a bordo do Air Force One, Trump disse que estava aberto a negociações que reduziriam as tarifas que ele planeja implementar sobre os países na próxima semana, mas que não esperava acordos antes de seu anúncio em 2 de abril.

— Nós não teremos preocupação de recorrer à OMC, ou, se não for resolvido, temos o direito de impor reciprocidade aos Estados Unidos. É simples assim. Os Estados Unidos não estão sozinhos no planeta terra — disse Lula.

Entretanto, nos bastidores, diplomatas brasileiros avaliam que a OMC está “paralisada” e sem força para agir. Isso porque os Estados Unidos não indicaram os juízes para as vagas em aberto no órgão de solução de controvérsias e, na prática, inviabilizaram uma eventual atuação da entidade. Por isso, a OMC não tem como mediar divergências comerciais e nem tem força para garantir a implementação de eventuais decisões.

Segundo Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro de Relações Internacionais, Mauro Vieira, já fizeram duas reuniões com representantes do país para discutir as novas taxas impostas sobre importações brasileiras.

— Eu sinceramente não sei o que pode acontecer na economia americana. Nao sei se isso vai repercutir na inflação americana, no aumento da taxa de juros — criticou.

O Globo

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