Gisno: estudantes de escola pública na Asa Norte protestam contra falta de cobertura em quadra

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por Catherine Machado, Giulia Moura, Esther Santos, Geovanna Costa, Giovanna Gimenez, Maria Eduarda Medina, Nathaly Ferreira, Maria Paula Freitas e Maria Eduarda Barros

Estudantes do Centro Educacional Gisno, na Asa Norte, protestaram, nesta sexta (28), “dia do estudante combatente”, por falta de cobertura na única quadra da unidade escolar, que tem cerca de 600 alunos.

Os estudantes manifestaram-se pela melhoria da infraestrutura nos megafones.

Segundo a coordenadora-geral do grêmio estudantil, Amanda Rodrigues, o fato da quadra ser descoberta impede que as aulas de educação física e nos momentos de lazer sejam utilizadas depois das 11h.  

Os alunos argumentam que a quadra não tem cobertura há mais de 10 anos. Os estudantes afirmaram que o calor é o principal problema.

“O calor fica extremo, o piso da quadra fica tão quente que não dá pra usar”, afirma a estudante Amanda Rodrigues. 

Estão na luta

O coordenador do colégio, Marcelo Kennedy, de 36 anos, conta que os alunos estão na luta, “há tempos”, por um espaço escolar digno,

“Eles já fazem abaixo assinado há muitos anos”, afirma. 

Consequências 

Perda de aulas, jogos internos e horas de lazer são as consequência sofridas por falta de cobertura. Os alunos são impactados diariamente. “Já entramos em contato com a Secretaria da Educação e com alguns Deputados. A resposta é que não tem verba disponível”, diz a coordenadora do grêmio. 

A escola atende alunos do ensino médio, ensino fundamental, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e classe especial. Com isso, a ausência da cobertura impacta diretamente os três turnos, comprometendo as aulas de educação física e prejudicando a rotina escolar.

As representantes do grêmio disseram que, muitas vezes, as aulas de educação física são teóricas devido à falta de estrutura para suportar o clima.

Perfis no Gisno

Segundo o coordenador da escola, muitos dos alunos são trabalhadores e moradores de periferias, e as aulas práticas de educação física frequentemente representam a principal oportunidade de lazer para esses jovens.

O professor de educação física Frederico Santana, de 44 anos, comentou sobre a falta de cobertura na quadra de esportes da escola. Segundo ele, o calor intenso afeta diretamente as aulas práticas.

“Eu diria que, especialmente, nos dias em que o sol está mais forte, o calor está intenso, nós precisamos mudar um pouco a maneira de trabalhar e as vezes alterar, significamente, o fluxo das aulas práticas por conta do calor intenso”.

O professor lamenta que os alunos precisam se “refugiar nas sombras das árvores” para transmitir os conteúdos das aulas práticas.

Ele acrescenta que “poucas escolas” ainda não têm cobertura.

“O Ced Gisno, infelizmente, é uma delas. Sobretudo, Gisno é uma escola extremamente tradicional, grandiosa, uma potência educacional das escolas públicas”, ressalta Frederico. 

Foto: Divulgação/GISNO

Buzinas

Ao longo da manifestação, diversos motoristas simpatizantes com o protesto dos estudantes buzinaram nos sinais.

Morador de Águas Claras, Arthur Batista, que parou para acompanhar a manifestação, considerou adequada a manifestação. “É sacanagem, né. Tem que ter uma cobertura para jogar bola em tempo chuvoso.”

Além disso, ele disse que acha “bacana” pessoas tão jovens estarem à frente de uma manifestação que busca a melhora do ambiente de ensino.

Procurada pela reportagem, pela manhã, sobre a demanda dos estudantes, a assessoria de comunicação da secretaria de Educação não respondeu os questionamentos.

O espaço desta reportagem está aberto para o posicionamento do governo sobre o assunto.

Dia especial

A manifestação não ocorreu no dia 28 de março por acaso. Neste dia, é memorado o “Dia do Estudante Combatente”, que nasceu por consequência do assassinato de Edson Luís de Lima Souto, de 18 anos, em 1968, no Rio de Janeiro, pela ditadura militar, durante um protesto estudantil.

“Escolhemos esse dia porque nosso grêmio tenta ser o mais ativo possível, e não tinha como a manifestação ser em um dia diferente para chamar atenção e relembrar as consequências da ditadura. É uma luta de todo mundo”, disseram.

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Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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