Enquanto cresce exploração ilegal de madeira, surge alerta no Sul do Estado

Carregamento ide madeira ilegal apreendido pela PRF em Roraima em 2023 (Foto PRF)
Vídeo publicado por organização mostra intenso tráfego de caminhões madeireiros em Baliza (Imagem: Divulgação)

Enquanto o Governo Federal volta os olhares para o reconhecimento de emergência no Município de São João da Baliza, no Sul de Roraima, devido à estiagem prolongada, as madeireiras aproveitam esse período de seca na região, quando as estradas estão trafegáveis, para intensificar suas atividades de desmatamento, na sua maioria de forma ilegal e sem fiscalização.

Sob as vistas grossas das autoridades municipais, o tráfego de carretas com imensas toras de madeiras tornou-se intenso na avenida principal de Baliza, que é o trecho urbano da BR-210. Um vídeo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Sustentabilidade (INBS), em seu perfil na rede social Instagram, mostra a grande movimentação de carretas dia e noite.

Sob o título “A rotina diária em São João da Baliza, Roraima”, a publicação de sete dias atrás faz o alerta com a seguinte legenda: “O vídeo retrata a movimentação de caminhões transportando grandes quantidades de madeira indicando atividade de desmatamento. O Município está localizado no coração da Amazônia”.

Os números oficiais confirmam o alerta. Conforme Levantamento do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), formado pela rede de instituições de pesquisa ambiental, a exploração madeireira cresceu 584% em Roraima. Os dados apontam que o total de 11.442 hectares de floresta foi explorado para extração de madeira no Estado de Roraima entre agosto de 2022 e julho de 2023.

De toda a extração madeireira mapeada, 82% (9.319 hectares) ocorreu de forma não autorizada e 18% (2.103 hectares) de forma autorizada, o que significa que a maior parte da madeira extraída em florestas de Roraima não tinha plano de manejo autorizado pelo órgão competente e foi alvo de ação ilegal. Os dados constam no Sistema Compartilhado de Informações Ambientais (Siscom) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Os municípios com mais exploração madeireira não autorizada são: Caracaraí, Rorainópolis, São Luiz do Anauá, Mucajaí, Caroebe, Cantá e São João da Baliza. Entre os Assentamentos Rurais mais explorados estão o Projeto de Assentamento Dirigido (PAD) Anauá, o Projeto de Assentamento (PA) Cupiuba, o PA Trairi, o PA Ladeirão, o PA Integração e o PA Jatapu. Ou seja, os números justificam a grande movimentação de toras de madeiras sendo transportadas em Baliza.

O alerta sobre o que se passa no Sul de Roraima é emblemático, pois é de conhecimento da sociedade que os eventos climáticos cada vez mais severos em todo o mundo têm como uma de suas consequências o desmatamento. No mesmo momento em que a Prefeitura de Baliza decreta situação de emergência por causa da seca, as autoridades fecham os olhos para o desmatamento.

Além disso, a questão da exploração ilegal de madeira não diz respeito somente aos danos ambientais, mas também reflexos negativos no setor  madeireiro legalizado, que gera emprego e renda, além de arrecadação de impostos, principalmente para as pequenas comunidades que têm entre suas fontes de renda a atividade madeireira legalizada, atividade explorada em conjunto com a proteção ambiental de seus territórios. E isso sem contar com a questão das estradas, que ficam prejudicadas pelo excesso de peso dos veículos.

É por isso que as autoridades não podem fechar os olhos para a situação de desmatamento em Roraima, em que o levantamento do Simex apontou um crescimento exponencial de quase sete vezes no período de um ano (584%). As imagens divulgadas pela organização IBNS não podem ser ignoradas, especialmente em tempo das tragédias climáticas e da crítica situação das estradas que prejudicam a vida de pequenos produtores. O fato requer uma resposta imediata por parte das autoridades.

*Colunista

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