Quietinho, quietinho, como costuma acontecer com os projetos que podem despertar reação, o PLP 192/23 avança devagar e sempre. Quem assina o projeto é a deputada Dani Cunha, em primeiro mandato. Mas não é uma parlamentar tão anônima assim.
É filha do deputado Eduardo Cunha, que presidiu a Câmara e, enquanto pode, conduziu-a com mão de ferro. O projeto mexe na Lei da Ficha Limpa, que hoje impede a condenação de todo infrator. Na nova redação, alteram-se os crimes e os prazos, assim como a aplicação da lei.
Se for examinada a lista dos condenados, encontra-se um grande número de antigos poderosos, tão poderosos que hoje têm filhos e até netos para falar por eles. Foi desse jeito que o PLP 192/23 ganhou regime de urgência para sua aprovação na Câmara dos Deputados. Sem marolas foi aprovado e enviado ao Senado, que da mesma forma o colocou em urgência.
Já andou pela Comissão de Constituição de Justiça, a mais estratégica de todas. Se for aprovada, estará flexível para todo mundo, inclusive os já condenados. Ao menos uma voz se levantou contra ela, a da senadora brasiliense Damares Alves (foto).