Greve de petroleiros nesta quarta (26) envolve home office, PLR e plano de carreira

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MATHEUS DOS SANTOS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Sindicatos filiados à FUP (Federação Única dos Petroleiros) e à FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) se preparam para uma greve de 24 horas nesta quarta (26). Os trabalhadores protestam contra a redução dos dias em home office, diminuição da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e cobram contratação de funcionários, criação de plano integrado de carreiras e melhores condições para prestadores de serviços. Na lista de reivindicações os sindicatos também está o equacionamento do déficit do plano Petros, previdência complementar privada dos colaboradores da estatal.

À reportagem a estatal disse que foi notificada oficialmente pelas entidades sindicais sobre a mobilização e que tem mantido diálogo aberto com as entidades sindicais sobre os ajustes ao modelo híbrido de trabalho.


VEJA A LISTA DE REIVINDICAÇÕES
Segundo Eduardo Henrique, secretário-geral da FNP, o debate sobre o home office é um dos principais motivos para a greve. Ele menciona que houve uma paralisação de funcionários administrativos, também de 24 horas, no último dia 26, sobre o tema.

A partir de abril, começará a valer a redução de um dia de trabalho remoto, com três dias presenciais por semana. Atualmente, funcionários da empresa trabalham presencialmente dois dias por semana, exceto os gerentes.

As entidades também cobram que a estatal não diminua a remuneração variável, pagamento extra ao salário que é definido de acordo com o desempenho do funcionário e da empresa. Segundo as entidades, a estatal apresentou, em dezembro do ano passado, um plano de redução de 30% do benefício. A definição pode impactar o PLR (Participação nos Lucros e Resultados), PRD (Programa de Resultados e Desempenho) e abono anual.

A greve também se mobiliza contra a gestão de Magda Chambriard à frente da Petrobras, segundo representantes dos trabalhadores. As entidades afirmam que a atual administração tem tido pouco diálogo com trabalhadores e reivindicam que os canais de negociação sejam fortalecidos. “A relação com os trabalhadores tem sido endurecida”, diz Cibele Vieira, diretora da FUP.


O QUE DIZ A PETROBRAS
A Petrobras afirmou à reportagem que os ajustes no trabalho presencial visam atender aos desafios da companhia, alinhados ao plano estratégico. Segundo a companhia, foi apresentada uma proposta de acordo às entidades sindicais para pactuar ajustes no modelo híbrido, que teria duração de dois anos.

A Petrobras também diz que tem um programa de remuneração variável que contempla a PLR. Segundo ela, um acordo de PLR para o período 2024/2025 foi firmado com entidades sindicais e será cumprido integralmente pela companhia.

Sobre a reposição de funcionários, a empresa afirma que foram convocados mais de 1.900 novos empregados em 2024. A companhia prevê contratar mais 1.780 novos empregados em 2025.


COMO VAI SER A PARALISAÇÃO
A paralisação deve ter foco nas instalações terrestres da empresa. Segundo Cibele, da FUP, a previsão é que a greve seja mais forte em terminais de logística, refinarias, termelétricas e escritórios. “O estoque de produtos impede que uma greve de 24 horas afete a população.”

Após aprovar a greve nas assembleias, as entidades notificaram a Petrobras para que um plano de contingência seja negociado. Neste plano, são definidos quantos funcionários serão necessários para manter as operações essenciais em andamento.

Normalmente, a Petrobras tem equipes de contingência para diminuir o impacto de greves em suas operações, principalmente em paralisações de curto prazo. Essas equipes costumam ser formadas por profissionais em cargos de gestão, direção, chefia ou confiança.

Segundo as entidades, a FUP representa em torno de 25 mil empregados e opera 61% das unidades da Petrobras, enquanto a FNP opera 80% da extração de petróleo do país e representa mais de 50 mil trabalhadores.

Dirigentes da FUP e FNP afirmam que a greve não deve se estender por mais do que 24 horas. “Essa é uma greve com o tempo de entrada e de saída. A gente quer construir uma boa relação entre trabalhadores e empresa”, afirma Cibele, da FUP.


VÍDEO SOBRE REDUÇÃO NO HOME OFFICE É CRITICADO

Na última semana (19), um vídeo de uma funcionária da Petrobras se popularizou nas redes sociais, reclamando da nova política de trabalho presencial da empresa.

À Folha, a técnica de segurança do trabalho Luciana de Frontin criticou a condução da estatal e disse que não foram mostrados dados que comprovem perdas geradas pelo trabalho híbrido. “Se vamos perder saúde, o mínimo que queremos é que faça sentido”.

Os sindicatos também criticam a política de distribuição de dividendos da estatal. Em fevereiro, a Petrobras anunciou que vai distribuir mais R$ 9,1 bilhões em dividendos pelo resultado de 2024, elevando para R$ 75,8 bilhões o valor aprovado ao longo de 2024 para os acionistas.


QUANDO FOI A ÚLTIMA PARALISAÇÃO?
Os petroleiros administrativos fizeram uma paralisação de 24 horas em 26 de fevereiro deste ano. A greve envolveu funcionários filiados à Federação Única dos Petroleiros e à Federação Nacional dos Petroleiros e teve adesão de escritórios do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. A paralisação foi motivada pela proposta de reduzir o trabalho remoto.

Em 2020, a categoria ficou parada 20 dias em protestos contra demissões. No período, a estatal era comandada pelo economista Roberto Castello Branco.

À época, os sindicatos reclamaram que o fechamento da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados, no Paraná, poderia resultar em cerca de mil demissões. A greve envolveu refinarias e plataformas e durou 20 dias.

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