Ondas de calor reduzem o oxigênio em lagos pelo mundo

Lago Victoria, o maior da África.Nature/Reprodução

Um estudo divulgado nesta segunda-feira (24) na Science Advances aponta que o aquecimento global a longo prazo—juntamente com a intensificação das ondas de calor a curto prazo—está diminuindo significativamente os níveis de oxigênio dissolvido em lagos de todo o mundo.

Conduzida pelos professores Shi Kun e Zhang Yunlin, do Instituto de Geografia e Limnologia de Nanquim (Academia Chinesa de Ciências), e realizada em parceria com pesquisadores das universidades de Nanquim e de Bangor (Reino Unido), a análise abrange dados dos últimos 20 anos, envolvendo mais de 15 mil lagos.

A pesquisa evidencia que 83% dos lagos apresentam desoxigenação relevante, o que coloca em risco não só a vida aquática, mas também as comunidades biológicas que dependem desses ambientes para sobreviver.

Utilizando um abrangente conjunto de dados e modelos matemáticos, os pesquisadores quantificaram as oscilações dos níveis de oxigênio na superfície dos lagos.

Entre as principais descobertas, verificou-se que as ondas de calor, atuando de forma rápida, reduziram os níveis de oxigênio em 7,7% quando comparadas a condições climáticas médias.

Além disso, o estudo atribui cerca de 55% da perda na solubilidade do oxigênio ao aquecimento global, enquanto um adicional de 10% dessa degradação decorre do crescimento da eutrofização.

Esses números demonstram a rapidez e a intensidade com que mudanças climáticas e fenômenos extremos podem alterar o equilíbrio natural dos ecossistemas lacustres.

Impactos para os ecossistemas de água doce

A diminuição dos níveis de oxigênio dissolvido representa uma séria ameaça para os ecossistemas de água doce, fundamentais para a manutenção de uma diversidade biológica saudável.

A redução do oxigênio dificulta a sobrevivência das espécies que dependem da respiração aeróbica, podendo ocasionar processos de eutrofização que agravam a qualidade da água.

O fato de a taxa média de desoxigenação em lagos ser superior à observada em oceanos e rios ressalta a urgência de atenção a esse fenômeno ambiental.

Especialistas alertam que, se não houver intervenções, todo um ciclo de impactos negativos pode se instaurar, prejudicando desde a fauna aquática até as comunidades humanas que dependem desses recursos.

Os dados apresentados pelo estudo servem como um alerta para governos e gestores ambientais, enfatizando a necessidade de implementar medidas de diminuilção e adaptação às alterações climáticas.

Investir em tecnologias e políticas que combatam a aceleração tanto do aquecimento global quanto da eutrofização é imperativo para reverter ou, pelo menos, desacelerar essa tendência preocupante.

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