Ata: cenário externo segue desafiador, com incertezas econômicas e geopolíticas relevantes

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira, 25, apresentou um denso texto para detalhar o mercado internacional. Além de continuar a avaliação de que o quadro externo segue desafiador não apenas do ponto econômico, mas também geopolítico, abriu grande espaço para analisar a economia dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, e seus impactos pelo globo, detectando que há mais incertezas e deterioração no front do que na reunião de janeiro.

Para o colegiado, o cenário externo se mantém desafiador, com incertezas econômicas e geopolíticas relevantes. “Avalia-se que há um concomitante aumento da incerteza e deterioração do cenário de crescimento global em relação ao Copom anterior”, enfatizou a ata no parágrafo 13.

O cenário-base do Comitê segue sendo de desaceleração gradual e ordenada da economia norte-americana, mas, além das incertezas inerentes à conjuntura econômica, há dúvidas sobre a condução da política econômica em diversas dimensões, tais como possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho, abrangência e intensidade da elevação das tarifas à importação e alterações importantes em preços relativos decorrentes de reorientações da matriz energética, o que pode impactar negativamente as condições financeiras e os fluxos de capital para economias emergentes. “A incerteza em torno de tais políticas já restringe novos investimentos e tem impacto sobre a atividade”, pontuou o documento.

De forma análoga, segundo a cúpula do BC, a incerteza sobre a implementação das tarifas também tem impacto sobre expectativas, determinação de preços e inflação. “Desse modo, parte dessa deterioração do cenário, que também já foi discutida em reuniões anteriores, já começa a se materializar”, considerou o Copom, acrescentando que, adicionalmente, notam-se renovadas pressões na Europa pela expansão do gasto público, financiada pela emissão de dívida.

Tais movimentos, conforme o colegiado, tendem a apertar as condições financeiras globais, elevando taxas e potencialmente pressionando o câmbio nas economias emergentes. “O Comitê reforçou que o compromisso dos bancos centrais com o atingimento das metas é um ingrediente fundamental no processo desinflacionário, corroborado pelas recentes indicações de ciclos cautelosos de distensão monetária em vários países”, observou. “Como usual, o Comitê focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo.”

Na reunião, foi reforçado também que um cenário de maior incerteza global e de movimentos cambiais mais abruptos exige maior cautela na condução da política monetária doméstica.

Estadão Conteúdo

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