João Luiz da Fonseca
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Com a McLaren tendo um início de temporada espetacular, a pulga já está coçando atrás da orelha das principais equipes dispostas a entrar na batalha pelo título de 2025, ainda que tenham que dividir as atenções e os investimentos nos novos carros de 2026, que sofrerão alterações totais em função da entrada em vigor do novo regulamento da Fórmula 1.
No último ano dos monopostos híbridos, a equipe de Woking era tida como a favorita desde a pré-temporada, quando saiu dos testes do Bahrein liderando as previsões de longo prazo apontadas pelos entendidos no assunto.
Simulações e cálculos são uma coisa, mas o fato é que os temores das rivais começaram a se tornar reais na abertura do campeonato em Melbourne, e voltaram a se confirmar na segunda etapa em Xangai, no último domingo, com a dupla de pilotos tirando onda ao colocar a equipe em uma dobradinha espetacular no pódio, com Piastri no topo e Norris logo no degrau abaixo.
A festa da equipe laranja, com o grande desempenho da McLaren, começou a desencadear uma reação em cadeia das demais equipes postulantes a frear o MCL39.
Reunião de emergência
Numa ação imediata, a Red Bull anunciou uma reunião de emergência que deve acontecer na quinta-feira e já considera substituir Liam Lawson, devido ao fraco desempenho apresentado pelo piloto nas rodadas iniciais. Essa decisão pode até se concretizar antes da próxima corrida, em abril.
A equipe cita Franco Colapinto para ocupar o lugar de Yuki Tsunoda na Racing Bulls e colocar o piloto japonês ao lado de Max Verstappen no time principal.
Para isso, teria que negociar com a Alpine (que contratou o argentino como reserva) e também obter o aval da Williams, a dona do “passe” de Colapinto.
Alpine x Doohan
No entanto, o time rosa também pode alterar sua dupla de pilotos em busca de um melhor desempenho na pista. Afinal, a ideia de contratar Colapinto como reserva surgiu porque a equipe já havia escalado Jack Doohan para ocupar a vaga ao lado de Pierre Gasly.
E o fato é que o australiano teve que lidar com a pressão sobre os ombros antes mesmo de sua estreia na F1 e na equipe, com o cargo ameaçado.
“Temos um compromisso de performar. Cerca de 900 pessoas dependem de nós para tomarmos as melhores decisões para a equipe”, explicou o chefe Oliver Oakes, ressaltando ser necessário “pensar no bem da Alpine a longo prazo”.
O piloto admite que precisa se esforçar: “tentarei simplesmente fazer um trabalho melhor”, destacou.
Mercedes com melhor novato
Com o melhor novato no grid, a Mercedes aplaudiu a boa estreia de Kimi Antonelli, que chegou em quarto em Melbourne e finalizou em oitavo lugar o GP do China, subindo para a sexta posição após as desclassificações de Hamilton, Leclerc e Gasly.
Ainda que ocupe o Top 5 com sua dupla na classificação de pilotos, a equipe também sente que precisa estar alerta ao domínio da atual campeã de construtores.
“Acho que o carro deles é definitivamente capaz de vencer todas as corridas”, disse George Russell, sobre o desempenho do MCL39. “A diferença que eles têm este ano sobre todos é maior do que a Red Bull já teve”, avaliou.
RB21 perde o ritmo
Max Verstappen que o diga. Sofrendo com o ritmo e principalmente com a falta de equilíbrio do RB21, o tetracampeão não está conseguindo encaixar voltas muito competitivas neste início de temporada. “Se todos à minha frente abandonarem a corrida, posso vencer”, chegou até mesmo a ironizar, antes do GP da China, onde foi o quarto colocado.
Sainz quer fortalecimento
Na Williams as lamentações também ecoam. “Para ser honesto, estou um pouco perplexo porque desde os testes em Abu Dhabi e Bahrein, fui imediatamente rápido, mas não sei para onde foi o ritmo do carro”, diz Carlos Sainz . “Acertamos na estratégia, mas nos faltou ritmo para seguir em frente, e nem a economia de combustível nos ajudou. Temos dez dias para analisar tudo e desenvolver um plano para voltar mais fortes no Japão”.
Ferrari despenca
A dupla desqualificação da Ferrari em Xangai custou 18 preciosos pontos para a equipe de Maranello, que caiu na tabela de classificação para o quinto lugar.
Em um domingo para esquecer, a equipe corre contra o tempo na esperança de um futuro melhor e repetir o bom resultado trazido por Hamilton, ao vencer a corrida sprint.
A liderança da McLaren é certamente significativa, mas não é intransponível, especialmente para a Mercedes e para a Ferrari, se tudo for resolvido de alguma forma com o SF25.
A equipe que aparenta maiores dificuldades técnicas é a Red Bull, que vem sobrevivendo graças à habilidade e talento de Verstappen, que voltou a definir seu carro como a “quarta força”.
Agora a pequena pausa para todos certamente será de reflexões e ajustes antes de enfrentarem uma das pistas mais representativas do campeonato mundial, Suzuka, no Japão.
Com um pacote aerodinâmico eficiente, MCL39 se destaca nas pistas pela velocidade e equilíbrio (McLaren)