Lagoa do Caverá: a luta pela sobrevivência

Em meio a décadas de degradação ambiental e apelos sem resposta, a comunidade de Araranguá e outras cidades vizinhas enfrentam uma das maiores ameaças ecológicas da região: a extinção da Lagoa do Caverá. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) se mobiliza, através de uma Ação Civil Pública, para evitar o desaparecimento desse importante manancial de água doce, que, além de ser vital para o abastecimento hídrico, abriga um ecossistema único, agora em risco devido à redução de mais de 50% de sua área nos últimos 45 anos.

A lagoa, com 990 hectares, é a maior lagoa de água doce do estado e parte do Aquífero Guarani, essencial para o abastecimento hídrico da região e abrigadora de diversas espécies de fauna e flora. Contudo, nos últimos 45 anos, sua área foi reduzida em mais de 50%, o que ameaça seu ecossistema e as atividades que dela dependem, como o abastecimento de água para consumo humano, irrigação e pesca. As ações de exploração agropecuária, rizicultura e extração de turfa contribuíram para essa diminuição. A situação é considerada crítica, com períodos de estiagem evidenciando locais que antes eram navegáveis agora acessíveis a pé.

A preservação da Lagoa do Caverá para a comunidade

José Elias, agricultor que luta há anos pela preservação da Lagoa

José Elias – Foto: Divulgação / MPSC

José Elias, agricultor e morador da comunidade de Sanga da Toca há 65 anos, relata que, desde 2005, a comunidade tem lutado para reverter a queda no nível da água da lagoa, sem sucesso. Para ele, a lagoa representa o maior patrimônio ambiental do sul do estado. “Se você viesse aqui 20 anos atrás, veria tudo diferente. Não tinha nada de vegetação, não se pisava aqui onde estamos. Era água aqui. Não dá para comparar”, afirma com pesar.

O biólogo da Fundação Ambiental de Araranguá, João Rosado, reforça a importância da lagoa, destacando que ela é a fonte com a melhor qualidade de água da região devido à ausência de urbanização nas suas proximidades. “Perder um manancial como este traria enormes prejuízos para o meio ambiente e para a população”, alerta.

Medidas propostas pelo MPSC

O MPSC solicita à Justiça que o Estado e os Municípios adotem medidas emergenciais para a recuperação da lagoa, incluindo a realização de estudos técnicos, a instalação de placas informativas e a criação de um plano de preservação. Um dos principais pedidos é a construção de uma barragem permanente no Rio Caverá, projeto que, embora já tenha sido estudado, nunca foi implementado. Além disso, o MPSC propõe uma multa diária em caso de descumprimento das ações solicitadas.

Imagem de drone da Lagoa do Caverá
Imagem de uma área que não tem mais água na Lagoa do Caverá
Imagem de uma área que não tem mais água na Lagoa do Caverá

MP cobra ação urgente na Lagoa do Caverá

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