Riscos invisíveis: o perigo do consumo excessivo de energéticos para o coração

O aumento no consumo de bebidas energéticas entre jovens adultos tem levantado preocupações significativas entre especialistas em saúde. Uma revisão recente publicada no Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences revelou que substâncias como cafeína e taurina, presentes nessas bebidas, podem impactar diretamente o sistema cardiovascular, elevando a frequência cardíaca e a pressão arterial.  

Segundo o estudo, o consumo excessivo desses estimulantes pode desencadear arritmias cardíacas e aumentar o risco de complicações cardiovasculares, especialmente em indivíduos com predisposição a problemas cardíacos. Para o cardiologista e arritmologista Tayene Quintella, o consumo dessas bebidas deve ser encarado com cautela.

“Muitas pessoas acreditam que os energéticos são inofensivos, mas a verdade é que seus efeitos sobre o coração podem ser imprevisíveis, principalmente quando combinados com outros estimulantes ou álcool”, explica.

Um exemplo alarmante é o caso do ator e modelo Rafael Zulu, que sofreu um episódio de fibrilação atrial após consumir uma quantidade excessiva de energético em um único dia. Ele relatou sentir falta de ar e palpitações, e temeu pela própria vida devido à intensidade dos sintomas. A fibrilação atrial é uma arritmia cardíaca que pode levar a complicações graves, como acidente vascular cerebral.

Além dos efeitos cardiovasculares, o consumo frequente de bebidas energéticas está associado a problemas como insônia, ansiedade, irritabilidade e distúrbios gastrointestinais. Estudos indicam que quase 48% dos estudantes entre 14 e 18 anos consumiram essas bebidas no último mês, com 19,5% misturando-as com álcool, prática que potencializa os riscos à saúde.

Embora qualquer pessoa possa sofrer efeitos adversos com o consumo excessivo de bebidas energéticas, alguns grupos são mais vulneráveis aos impactos cardiovasculares. Pessoas com problemas cardíacos pré-existentes, por exemplo, são mais sensíveis a palpitações, arritmias e oscilações na pressão arterial, podendo apresentar riscos ainda maiores ao ingerir essas bebidas.

Gestantes também devem evitar o consumo, já que as substâncias estimulantes podem interferir na circulação sanguínea e no desenvolvimento do bebê. Indivíduos que sofrem com insônia ou ansiedade tendem a ter esses quadros agravados devido à alta concentração de cafeína e outros estimulantes, dificultando o descanso adequado e intensificando sintomas de estresse.

Além disso, atletas e praticantes de exercícios físicos intensos podem estar mais expostos aos riscos cardiovasculares, pois a combinação do energético com o esforço físico pode aumentar a sobrecarga do coração, elevando o risco de arritmias e outras complicações.  

“Nem sempre o problema está em uma única lata de energético, mas sim no consumo repetido ao longo do tempo. O coração pode sofrer danos progressivos sem que a pessoa perceba, e os sinais podem surgir apenas quando o quadro já é mais grave”, detalha.

Diante desses fatores, especialistas alertam para a importância do consumo moderado e da busca por alternativas mais seguras para manter o nível de energia sem comprometer a saúde cardiovascular. Diante desses achados, o Dr. Tayene reforça o alerta:

“Precisamos falar mais sobre os riscos dessas bebidas, especialmente entre os jovens, que são os maiores consumidores. A informação é a melhor forma de prevenção”, pontua.