Por Camila Coimbra
Moradores da margem na Quadra 5 do Park Way enfrentam desafios diários devido à falta de infraestrutura e a necessidade de atravessar um córrego com esgoto a céu aberto para chegar ao Guará II. Sem uma passagem segura, famílias se arriscam onde antes havia uma ponte improvisada, que foi removida, dificultando o acesso de crianças à escola e prejudicando a mobilidade da comunidade.
Aline Costa, de 16 anos, é uma das afetadas pela situação. Única estudante da família que ainda precisa atravessar o córrego Vicente Pires, ela relata as dificuldades enfrentadas diariamente. “A gente precisa tirar o sapato e atravessar a pé pela água suja. Isso atrasa e impede até mesmo o uso da bicicleta”, conta. Para evitar o transtorno, a jovem prefere caminhar até o metrô de Anchieta, mesmo que chegue mais tarde na escola.
A ponte que antes existia foi removida sob a justificativa de que facilitava o acesso de usuários de drogas e pessoas envolvidas em furtos. No entanto, a decisão deixou a comunidade desassistida. “Ficamos sem acesso. Parece que fomos esquecidos”, lamenta Aline.

A situação se agrava para famílias com crianças em idade escolar. Érica da Silva, moradora da região há mais de 25 anos, enfrenta dificuldades diárias para levar os filhos à Escola Classe 8 do Guará. “Nos dias de chuva, quando o córrego enche, eles não conseguem ir para a escola. A escola sempre reclama da falta, mas não sabem o que passamos. Muitas vezes, precisamos levar uma roupa extra para vesti-los do outro lado”, relata.
Segundo Érica, a comunidade já procurou a administração regional para solicitar a construção de uma nova ponte, mas até o momento não recebeu resposta. “Queremos que vejam nosso lado. As crianças precisam estudar e essa travessia coloca a saúde e a segurança delas em risco”, afirma.
Manuel Horácio da Silva, de 73 anos, mora há 20 anos na região e acompanha de perto o abandono da área. Segundo ele, a comunidade tentou construir uma passagem improvisada, mas a força da água levou tudo. “Dizem que não tem dinheiro para fazer uma ponte simples. Meu filho e minha nora atravessam dentro da água suja todos os dias”, conta.

A tentativa de erguer uma ponte mais resistente foi impedida pelos órgãos responsáveis, que alegaram a necessidade de autorização para qualquer obra no local. “Se a gente fosse fazer com nosso próprio dinheiro, ainda assim precisaríamos pedir permissão. Mas enquanto isso, seguimos sem solução”, lamenta Manuel.
Diante da situação, o Jornal de Brasília entrou em contato com a administração regional do Park Way, que responderam em nota: “A Administração Regional do Park Way está em tratativas com diversos órgãos do GDF para viabilizar uma solução para a travessia sobre o Córrego Vicente Pires. Seguimos acompanhando a situação e reforçamos nosso compromisso em buscar alternativas para atender à demanda da comunidade.
Juntamente a administração, a NovaCap informa que realizou a vistoria no local e aguarda a formalização pela administração do convênio para prestação de serviços, aprovação do órgão ambiental e a disponibilização de recursos para a execução.