Tubarão registra aumento de pessoas em situação de rua

Após o período do Carnaval, Tubarão registrou um aumento de pessoas em situação de rua habitando a cidade. Em entrevista exclusiva para o portal SCTodoDia, a secretária de Assistência Social, Mulher e Família, Heloísa Cabral, afirmou que o aumento está ligado ao fim da temporada de verão, onde muitas pessoas que estavam no litoral da região, acabam retornando para o município.

“Já esperávamos que isso acontecesse devido a toda essa movimentação que ocorre de migração para as praias. Muitos estavam nas praias e após o Carnaval, percebemos que existe a volta dessa população para a cidade. Isso ocorre ano a ano”, destacou a gestora. Conforme Heloísa, muitos vão para o litoral em busca de trabalhos temporários especialmente após o Natal.

Forças-tarefas

Desde o início do ano, várias forças-tarefas com o intuito de fazer encaminhamentos a pessoas em situações de rua foram realizadas em Tubarão. De acordo com os dados da secretaria, oito ações que acontecem semanalmente já foram feitas e 114 pessoas foram abordadas.

“A força-tarefa é um pontapé inicial. Existe uma continuação dessa ação. A pessoa abordada é levada para uma casa de passagem para dormir e no dia seguinte ela é levada para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Se estiver disposta a ir para uma casa de recuperação, ela também é levada, mas muitas vezes eles não ficam lá. Aceitam a abordagem, se sentem tocados, mas muitos deles ficam apenas dois dias na recuperação”, explica Cabral.

Muitos também estão na fila do Sistema Nacional de Regulação (SISREG) devido a questões psiquiátricas. “Eles precisam entrar na fila. Todos tem o encaminhamento. Alguns não aceitam o encaminhamento ou a internação. Tudo depende do aceite deles, voluntário. Fazemos o encaminhamento para saírem da rua e para que pelo menos estejam em um albergue e nas casas de passagem. Tomando um banho, dormindo em um local seguro e tendo alimentação”, ressaltou a secretária Heloísa.

A importância do acolhimento

De acordo com Daiane Barbosa, coordenadora do Setor POP, muitos não aceitam o tratamento de imediato devido às drogas ou problemas psiquiátricos. “Aí entra o dia seguinte. Para aquele que não aceitou ir para uma casa de acolhimento na noite anterior, nós vamos atrás. Falamos com essa pessoa e identificamos as possibilidades de encaminhamento”, diz a profissional.

O contato com a família e até mesmo o encaminhamento para o mercado de trabalho ou para a saúde para constatar qual o tipo de internação necessária ficam a cargo do Setor POP. “O principal é o contato com a família para fazer esse resgate. A gente precisa fazer para que se sintam acolhidos. Independente dele voltar ou não para sua cidade de origem, ele precisa desse contato com a família para que se sintam acolhidos e busquem o resgate da dignidade. Quem sabe se prontificando para voltar ao trabalho e para o tratamento de saúde”, constatou a coordenadora.

“É um resgate da dignidade desse ser humano. Eles estão em situação de rua, mas precisam de alguém para lhe estender a mão e querem uma oportunidade de trabalho. Temos casos que fizemos o direcionamento e eles vão comemorar e agradecer. ‘Eu consegui ser fichado como pedreiro, como cozinheiro’. Não são pessoas com problemas de drogas ou psiquiátricos, são pessoas que romperam o vínculo com a família e não tem ninguém que as direcione”, pontuou Heloísa Cabral.

A secretária também destaca que um acompanhamento constante é feito para as pessoas que passaram pela abordagem. “Quando saírem das casas de recuperação, o objetivo é continuar acompanhando, achar uma oportunidade de trabalho. Fazer essa sequência de atendimento para que ele se mantenha de pé e com a dignidade restabelecida. Mas, a gente não consegue fazer nada disso se os vínculos familiares rompidos forem restabelecidos”, fala Heloísa.

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