GAJÉ

gagé

Quando era garoto, ele vivia pescando um caranguejo pequeno de água doce chamado gagéNão deu outra: a molecada o apelidou pelo nome do trichodactylus, da família trichodactylidae, e só na escola ele ficou sendo Antonio Everaldino Venâncio dos Passos. 

Foi como Gagé que ele marcou mais de 300 gols, jogando pela ponta-direita e no comando do ataque com as camisas do Leônico, do Bahia e de equipes amadoras de Itabuna e de Ipiaú. 

 Tudo começou quando ele tinha 15 de idade e o desportista Zequinha do Carmo o viu jogando pelo time dos Alfaiates de Ibicaraí. Impressionado com a habilidade do garoto, o  levou para Itabuna, cidade maior, bem mais desenvolvida e dona do melhor futebol do interior baiano – ganhadora de seis consecutivos Campeonatos Intermunicipais, dos quais ele ajudou a conquistar o penta.

Mesmo campeão pela quase imbatível seleção grapiúna (gentílico de Itabuna), Gagé topou a cantada de Jaime Cobrinha e foi defender o Independente, de Ipiaú, para ser bi da liga local, em 1965/1966, ao lado de Betinho, que seria goleiro do Santos de Pelé e da poderosa seleção de Itabuna. Mas foi durante amistoso contra uma equipe de Ubatã que ele aconteceu. Marcou 11 gols e deixou de queixo caído um diretor do Leônico presente ao Estádio Pedro Caetano. Resultado: foi convencido a desistir de montar uma alfaiataria em Ipiaú e a se profissionalizar pelo time da camisa grená de Salvador.

 Gagé chegou para o segundo turno do Campeonato Baiano-1966 e se motivou muito ao encontrar no grupo o seu velho amigo Zé Reis, que jogara com ele pela Seleção de Itabuna. Fizeram grande campanha e levaram o Leônico ao seu primeiro título de campeão baiano, vencendo o Vitória (campeão-1965), em melhor de três e por 2 x 1 na finalíssima, com dois gols de Zé Reis, para eta formação: Gomes; Nelson Cazumbá, Bell, Biguá e Petrônio; Bolinha e Careca; Gajé, Zé Reis, Armandinho e Geraldo.

 Em 1967, a Federação Baiana de Futebol promoveu o seu primeiro campeonato verdadeiramente estadual, com três times de Ilhéus, dois de Feira de Santana, um de Itabuna e um de Vitória da Conquista, além dos sete de Salvador que de há muito participavam da competição. O Leônico, que tentava  o bi, não fez boa campanha e terminou em sexto lugar, tendo sido mais forte só no primeiro turno, quando foi o terceiro colocado, a  dois pontos do segundo (Fluminense de Feira) e a três do primeiro (Galícia).

Mesmo com o “Moleque Travesso” (apelido do time)  não fazendo boa campanha, Gagé manteve o seu bom nível da temporada anterior e marcou quatro dos 35 tentos da equipe, em 25 partidas, com oito vitórias, 11 empates e seis escorregadas: suficientes para o Bahia (campeão baiano-1967)  tirá-lo de dentro da camisa grená, em 1968

Gagé ficou pelo Bahia até 1969, marcando 37 gols, três deles olímpicos, e um desses, em 1968, contra o Internacional-RS, no Beira-Rio, em Porto Alegre – Jurandir, Dário, Ailton, Jaime, Souza, Luiz Ditão, Caetano, Adaurí, Gajé, Amorim e Canhoteiro foram os companheiros do dia. Em 1971, voltou ao Leônico e ficou até 1972, quando mudou-se para o Itabuna pelo qual encerrou a carreira, em 1973.

Chuteiras penduradas, como profisisonal, Gagé foi viver em Ipiaú e ser granjeiro, vendedor de frangos. Mas ainda dava pra rolar uma bolinha, pelo  Independente, e até para ser campeão do Intermunicipal-1977, ao lado dos amigos Roberto, Litinho, Pedrito, Sapatão, Boca de Pia, João Velho, Carlinhos, Dadá, Jorge Pato e Cesar Véi. Viveu entre 19.05.1939 e  19.05.2018.  

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