Migrantes detidos na base de Guantánamo são levados de volta aos Estados Unidos

base militar dos eua em guantánamo,

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Um funcionário do Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou nesta quarta-feira (12), que as autoridades do país transferiram todos os 40 imigrantes que estavam detidos na base militar de Guantánamo, em Cuba, para o estado da Louisiana.

Em janeiro, Donald Trump anunciou um plano para expandir a base em Cuba com o objetivo de aprisionar até 30 mil migrantes em situação irregular detidos em solo americano. A iniciativa é parte das medidas severas de Trump contra a imigração. Mas, até agora, um número bem menor de detidos, pouco mais de 200, passou pelas instalações.

A base naval dos EUA em Guantánamo, sob controle de Washington desde o final do século 19, ficou conhecida pelos casos de tortura cometidos por órgãos como a CIA, a agência de inteligência americana, durante a “guerra contra o terrorismo” após os ataques de 11 de setembro de 2001. A estrutura já abrigava uma instalação para migrantes, utilizada ocasionalmente por décadas.

Poucas semanas depois de enviar o primeiro grupo para a base militar americana em Cuba, as autoridades de imigração começaram a remoção de todos os imigrantes detidos em Guantánamo e os devolveram aos EUA, onde foram transferidos para Alexandria, na Louisiana, na terça (11) e quarta-feira (12). O Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) possui uma unidade de processamento no local.

A transferência ocorre poucos dias antes de um juiz federal deliberar sobre a legalidade da decisão do governo federal de enviar migrantes para Guantánamo, em um processo movido por uma coalizão de grupos de direitos humanos, incluindo a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU).

Segundo denúncias, a estrutura do centro de detenção em Cuba é precária, com esgoto inundando parte do prédio, mofo e uma infestação de ratos nas celas. Os guardas do centro proíbem a comunicação dos detidos com o mundo exterior, confiscando celulares e punindo tentativas de fazer ligações com prisões em solitárias que podem durar dias.

Em uma cerimônia de assinatura no início de seu mandato, Trump disse que a instalação seria usada principalmente para deter imigrantes em situação irregular considerados criminosos perigosos ou ameaças à segurança nacional.

“Alguns deles são tão perigosos que nem confiamos que seus países de origem possam mantê-los presos, porque não queremos que voltem”, disse Trump sobre os migrantes. “Então, vamos enviá-los para Guantánamo. É um lugar difícil de sair.”

Cuba acusa historicamente os EUA de ocupar Guantánamo ilegalmente e se recusa a aceitar o aluguel pago por Washington pelo território, cerca de US$ 4.000 mensais.

Muitos dos acusados de terrorismo após o 11 de Setembro estão presos em Guantánamo até hoje, com sua libertação impedida pelo limbo jurídico no qual se encontram e pela falta de vontade política do governo americano de fechar a prisão, como relatou a Folha em visita à base naval em fevereiro de 2024.

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