Acreditamos que Brasil e EUA vão chegar a um acordo sobre sistema de cotas para o aço, diz presidente da ArcelorMittal

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ARTUR BÚRIGO
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS)

O presidente da ArcelorMittal Brasil, Jefferson de Paula, afirmou que o governo Lula (PT) está negociando com os Estados Unidos um novo sistema de cotas para exportação do aço brasileiro diante das taxas impostas pelo presidente Donald Trump.

A ideia é repetir o modelo adotado em 2018, quando os americanos impuseram um limite para a importação de aço brasileiro que ficou fora da tributação de 25%. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os americanos.

“Acreditamos que eles [governos do Brasil e dos EUA] vão chegar a um acordo, porque em 2018 foi a mesma coisa, nós mostramos que os EUA precisam importar aço semiacabado. Das 5,6 milhões de toneladas que eles importaram no ano passado, 3,5 milhões vieram do Brasil”, afirmou o executivo nesta sexta-feira (14) em evento de expansão da unidade da empresa em Sabará (MG).

Naquele ano, foram definidas cotas de exportação de até 3 milhões e meio por ano de placas e mais 680 mil toneladas de produtos que ficaram fora da taxação de 25%. Como resultado, as siderúrgicas brasileiras ampliaram fortemente as vendas para os Estados Unidos no período.

A Arcelor está entre as empresas nacionais mais impactadas pelas novas tarifas. Parte de suas exportações aos Estados Unidos é feita via envio de aço semiacabado produzido nas usinas da companhia no Espírito Santo e no Ceará para a Calvert, siderúrgica no Alabama de propriedade da própria Arcelor.

“Desde 2018 o Brasil não descumpriu um grama [do limite]. Nós estamos cumprindo o que nós acordamos com o governo americano. Por causa disso, estamos em negociações e acreditamos que vamos acabar chegando a um acordo que seja bom para as duas partes”, disse o presidente da companhia no Brasil.

Ele ainda afirmou que tem estado em negociações com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Geraldo Alckmin (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), que teve reuniões com representantes do governo americano.

Questionado sobre o assunto, o governador de Minas, Romeu Zema, que também esteve na cerimônia em Sabará, evitou criticar a medida de Trump, cuja eleição celebrou nas redes sociais.

O governador preferiu reforçar críticas ao governo Lula ao engrossar demanda do setor siderúrgico para a taxação do aço que é importado da China.

“Todos os países tributam o aço subsidiado que vem da Ásia em 25%, aqui no Brasil se paga um Imposto de Importação muito menor”, disse Zema.

“Parece que aqui nós estamos querendo reinventar a rota. É muito triste alguém achar que sabe mais do que o resto do mundo. Nós temos aqui, em alguns momentos, um governo que pensa dessa maneira”, completou o governador, que tem reforçado nas últimas semanas uma posição de antagonismo ao presidente Lula.

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