Carney assume o governo do Canadá em meio a ameaças dos EUA

canada politics government parties

Mark Carney, ex-presidente do banco central do Canadá, tomou posse nesta sexta-feira (14) como o novo primeiro-ministro do país, após dez anos de governo de Justin Trudeau, em meio a ameaças comerciais e de anexação por parte dos Estados Unidos.

Trudeau (2015-2025) anunciou sua renúncia em janeiro após perder apoio político no ano passado.

O Partido Liberal escolheu Carney para sucedê-lo, esperando que sua experiência à frente dos bancos centrais do Canadá e da Inglaterra durante as crises históricas tranquilizasse a população, que enfrenta uma guerra comercial potencialmente devastadora.

Carney, um novato na política que completará 60 anos no domingo, prestou juramento ao cargo em uma cerimônia em Ottawa perante a governadora-geral Mary Simon, representante do rei Charles III, chefe de Estado do Canadá.

O novo primeiro-ministro assume o cargo em meio a uma tempestade gerada pelas tarifas alfandegárias impostas pelo presidente Donald Trump, que repetidamente pediu que o Canadá se tornasse o 51º estado americano.

“Os americanos não devem se enganar: tanto no comércio quanto no hóquei, o Canadá vencerá”, declarou ele em seu discurso de vitória na semana passada, quando foi eleito o novo líder do Partido Liberal.

“O Canadá nunca, jamais fará parte dos Estados Unidos, de forma alguma”, disse ele desafiadoramente. “Isso nunca vai acontecer”, frisou.

Carney nunca foi eleito a um cargo público, mas suas habilidades de campanha serão colocadas à prova em breve, já que o Canadá provavelmente realizará uma eleição geral este ano.

– “Pronto para negociar” –

Carney disse que está “pronto para sentar” com Trump para negociar um novo acordo comercial e evitar mais conflitos econômicos.

Esta semana, as tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos sobre as importações de aço e alumínio entraram em vigor, e o Canadá respondeu com novas tarifas sobre os produtos americanos.

Carney trabalhou no banco de investimentos Goldman Sachs antes de dirigir o banco central do Canadá durante a crise financeira de 2008-2009 e o Banco da Inglaterra durante a turbulência do Brexit.

Ele se apresenta como alguém solidamente preparado para liderar um país abalado pela guerra comercial alimentada pelos Estados Unidos, que costumava ser seu aliado mais próximo e no qual, segundo Carney, o Canadá “não pode mais confiar”.

O Canadá deve realizar eleições em outubro e provavelmente serão antecipadas em algumas semanas. Pesquisas de opinião recentes refletiram um leve favoritismo pela oposição conservadora.

As ameaças de Trump estarão no centro da campanha eleitoral canadense.

Desde o início de seu segundo mandato, Trump tem usado as tarifas como uma ferramenta de negociação com seus parceiros comerciais, como um incentivo para que empresas se instalem no país e como uma fonte de receita para as finanças federais.

Trump exige que China, México e Canadá façam mais para conter o tráfico de fentanil para os Estados Unidos, embora no Canadá o contrabando através da fronteira seja insignificante

© Agence France-Presse

Adicionar aos favoritos o Link permanente.