Arquivo Público do Distrito Federal completa 40 anos

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Por Daniel Xavier
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“O Arquivo Público representa não apenas a preservação da história de Brasília, mas a preservação de um legado para as futuras gerações. O que estamos fazendo aqui, ao registrar e compartilhar a história de Brasília, é algo que permanecerá por muitos séculos, para gerações futuras”, declara Adalberto Scigliano, Superintendente do Arquivo Público do Distrito Federal, sobre a comemoração das 40 primaveras da instituição.

O Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) celebra 40 anos de história nesta sexta-feira, 14 de março, consolidando-se como uma das principais instituições de guarda e preservação da memória do Brasil. “É uma honra poder gerenciar essa instituição e contribuir para que a história de Brasília seja eternizada, tanto para os brasileiros quanto para os amantes da arquitetura e da história”, diz o Superintendente com uma voz cheia de orgulho. Em 2007, o órgão Ligado à Casa Civil do Distrito Federal, foi reconhecido internacionalmente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) com o selo Memória do Mundo, pelo seu diligente papel na proteção e conservação da memória do maior sítio urbano tombado do mundo. Estão sob responsabilidade da (ArPDF) tesouros e histórias de quem projetou e idealizou a Capital do Brasil. São manuscritos de Oscar Niemayer, Lucio Costa, Israel Pinheiro, Bernardo Sayão — um legado que inclui o manuscrito do presidente Juscelino Kubitschek declarando Lucio Costa vencedor do concurso que daria início aos primeiros traços de Brasília.

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Foto: Vítor Mendonça / JBr

Ao longo dos últimos anos, o Arquivo Público vem se preparando para apresentar grandes conquistas à população. Atualmente são mais de 9 milhões de documentos divididos entre 50 fundos documentais. Criado em 14 de março de 1985, a comemoração do ArPDF, que coincidentemente acontece no ano dos 65 anos da inauguração de Brasília, promete ser um ano de intensa celebração, com uma série de eventos e ações planejadas para destacar a relevância da instituição e seu papel na preservação da história da cidade e do país. 

No último dia 19 de fevereiro, foi anunciada a repatriação digital do acervo de Lúcio Costa, pioneiro da arquitetura modernista brasileira, que ficou reconhecido mundialmente pelo projeto do Plano Piloto da Capital Federal. Desde que assumiu o cargo em novembro de 2020, Adalberto mergulhou profundamente na história da cidade, desenvolvendo uma paixão visceral por Brasília e seus detalhes, muitos dos quais ainda são desconhecidos pela maioria da população. De acordo com Scigliano, um dos maiores legados do Arquivo nos últimos anos tem sido a revitalização do Marco Zero de Brasília, um local histórico que simboliza o início da construção da cidade, e que hoje atrai cada vez mais visitantes. Mas não é só o Marco Zero que está sendo resgatado. 

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Foto: Vítor Mendonça / JBr

O Arquivo Público tem investido também na preservação de monumentos importantes da cidade, como o monumento Solarius, um símbolo da arquitetura de Brasília que, até pouco tempo, era pouco conhecido pelo público. Após uma pesquisa detalhada sobre a obra, o Arquivo criou um livreto explicativo, ajudando a população a entender o significado por trás da estátua, suas cores originais e o trabalho do artista envolvido. Outro ponto importante da gestão de Adalberto no Arquivo Público é a digitalização dos acervos. Para ele, “A digitalização é um processo crucial para ampliar o acesso aos documentos históricos de Brasília, mas deve ser feita com cautela, respeitando os direitos autorais”, afirma. 

Inovação no Arquivo Público

“Temos notado um aumento no interesse por parte dos jovens, e estamos muito felizes com isso. O Arquivo Público tem mantido contato com universidades e escolas para fomentar esse interesse. O que antes era uma postura mais passiva, agora se tornou uma atitude proativa”, comenta Scigliano. Ele revela que o Arquivo Público vai até as instituições para  mostrar o que tem, e o que pode oferecer. “Nosso número de atendimentos tem aumentado, e temos recebido mais projetos acadêmicos, minisséries, programas de televisão, teses de doutorado e até grupos de estudantes que vêm estagiar aqui”, ressalta. A primeira grande ação da mudança será a renovação da identidade visual do ArPDF. Para marcar os 40 anos da instituição, uma nova logomarca foi desenvolvida pela Secretaria de Comunicação do DF, reconhecendo as contribuições do Arquivo não apenas para os pesquisadores e instituições de Brasília, mas também para o Brasil e o mundo. 

A mudança reflete o amadurecimento da instituição e sua importância crescente no cenário da preservação histórica. Uma das ações mais visíveis será a intervenção artística nas fachadas do ArPDF, situadas às margens do Noroeste. O artista plástico Fernando Elom, reconhecido por seu trabalho versátil e inovador, irá embelezar as grandes fachadas do Arquivo com temas alusivos à construção e consolidação de Brasília.A proposta artística busca refletir a grandiosidade e os desafios da criação da capital federal, celebrando sua história de forma visualmente impactante. Outro destaque das festividades será o lançamento de um box com as cadernetas da Comissão Cruls, em parceria com o SENAC DF. As cadernetas, escritas em 1892 por Hastimphilo de Moura, um dos principais integrantes da Primeira Comissão Exploradora do Planalto Central, relatam de maneira humana e sensível à jornada épica que delimitou o local onde seria erguida a nova capital. A publicação resgata a importância histórica dessa expedição e proporciona aos cidadãos uma compreensão mais profunda sobre a formação do território de Brasília. Em agosto, no dia 19, data que celebra o Dia do Historiador, o ArPDF irá outorgar a Comenda Ernesto Silva, uma homenagem a personalidades e instituições que tiveram papel fundamental na idealização, construção, consolidação e preservação da memória do DF. A honraria será concedida em parceria com a Abrasci – Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura, e será uma forma de reconhecer os grandes nomes que contribuíram para a preservação e divulgação da história de Brasília. 

O ArPDF possui um valioso acervo de rolos cinematográficos que guardam imagens raras da história de Brasília. Para comemorar o início da digitalização desses filmes, a instituição, em parceria com a Secretaria de Cultura do DF, promoverá uma mostra inédita no Cine Brasília. A exibição de uma coletânea de filmes com as primeiras imagens da capital federal permitirá que o público tenha um vislumbre do passado de Brasília, através da lente dos primeiros cineastas que registraram a construção da cidade. Além dos eventos, o ArPDF irá lançar, no dia 14 de março, um livro digital que contará a história completa da instituição. O livro estará disponível no site do Arquivo Público e, em breve, será distribuído em parceria com o SESC, ampliando o acesso a essa narrativa essencial sobre a preservação da memória da cidade. Uma das ações mais significativas do ArPDF, como parte das comemorações de seus 40 anos, será o recolhimento de acervos de grandes protagonistas da história de Brasília. Entre os documentos que serão recolhidos estão acervos de Lúcio Costa, o arquiteto responsável pelo Plano Piloto de Brasília; Athos Bulcão, artista plástico conhecido por suas obras com grafismos geométricos; e Oscar Niemeyer, um dos maiores arquitetos do mundo, cuja doação parcial de seu acervo será feita pelo Instituto Niemeyer. 

O ArPDF também irá recolher documentos importantes do Teatro Goldoni, pioneiro nas artes cênicas de Brasília, e o acervo filmográfico de Wanderval Calaça, jornalista e apresentador de TV que foi responsável pela criação dos primeiros cinemas de Brasília e idealizador do Cine Jornal. Além disso, será dado destaque a documentos cartográficos da Primeira Região Administrativa de Brasília (RA I), de grande relevância histórica para o Distrito Federal. A comemoração dos 40 anos do ArPDF também será alinhada às festividades dos 65 anos de Brasília. Juntamente com o Governo do Distrito Federal (GDF), o Arquivo Público está preparando uma série de eventos voltados à revitalização histórica da cidade, que serão divulgados ao longo do ano.

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