Campanha contra agenda climática está ativa, diz presidente da COP30

andré aranha corrêa do lago

FÁBIO PUPO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O presidente da COP30 (conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas), o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, afirmou nesta segunda-feira (10) em Brasília que há uma campanha internacional ativa contra a agenda sustentável e que, por isso, é preciso mostrar ao mundo que as medidas em discussão são boas para empresas e para a sociedade.

Para ele, a necessidade se mostra ainda maior tendo em vista movimentos políticos e eleitorais, inclusive na Europa, em que visões sobre as consequências da agenda climática para a população -como aumentos na conta de luz devido às mudanças na matriz elétrica- têm afetado o debate e deixado a discussão mais complexa.

“Nós temos que mostrar os exemplos e comprovar que combater a mudança do clima é, sim, bom para os negócios. Combater a mudança do clima é, sim, bom para a qualidade de vida das populações”, afirmou durante o lançamento da frente empresarial que atuará na COP30, batizada de Sustainable Business COP30.

“Mas nós temos que fazer um esforço, porque a campanha contra [está] ativa”, diz. “Essa batalha também está, de certa forma, complexa e nós também temos que trabalhar muito.”

Para Corrêa do Lago, o cenário nunca demandou tanto apoio da iniciativa privada. “Precisamos de exemplos que [mostrem que] combater as mudanças do clima é bom para o negócio, para a qualidade de vida.”

O embaixador fez um apelo ao auditório, cheio de representantes da iniciativa privada, para que o Brasil possa reunir exemplos, como na agricultura e na indústria, na agenda verde.

“Temos exemplos de imenso sucesso no combate às mudanças do clima”, afirmou. “O Brasil tem que se apresentar para o mundo como o melhor lugar para os investimentos das empresas que acreditam no Brasil.”

Corrêa do Lago também pregou que os países envolvidos na agenda climática busquem mais implementar pactos já alcançados, como no Acordo de Paris, do que negociar itens que não tenham efeito significativo.

“Todo mundo tem falado com países que sentem que a gente continua negociando, negociando e que essas coisas não chegam no nível de implementação. E não chegam no nível da ação, inclusive na área financeira”, afirmou.

“Queremos muito acentuar a questão da implementação do Acordo de Paris”, disse. “Nós queremos acelerar a implementação muito mais do que continuar procurando negociar coisas que não tenham um efeito como deve ter junto à população, junto à economia real.”

As declarações são dadas enquanto continua a cobrança direcionada a países desenvolvidos por mais recursos no financiamento às mudanças climáticas e em meio a um cenário de maior dificuldade no debate, após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.

A Sustainable Business COP30 (SB COP) é liderada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e tem como objetivo reunir um grupo de representatividade empresarial internacional a exemplo do que existe no G20 e no Brics. O intuito é levar contribuições do setor privado às negociações.

Segundo a entidade, o objetivo da SB COP é mobilizar a maior quantidade possível de lideranças de empresas, associações, sindicatos, federações e confederações, nacionais e internacionais, para o desenvolvimento sustentável.

As negociações oficiais da COP30 são feitas exclusivamente pelos países, mas há espaços paralelos de discussão em que integrantes da sociedade civil, acadêmicos e empresas podem participar.

Mais cedo, Corrêa do Lago divulgou a primeira carta enquanto presidente da COP30, na qual propôs um “mutirão global” contra as mudanças climáticas. A cúpula, com mais de 190 países, acontecerá de 10 a 21 de novembro em Belém, no Pará.

Relembrando as origens indígenas do termo, derivado da expressão em tupi-guarani “motirõ”, que se refere “a uma comunidade que se reúne para trabalhar em uma tarefa compartilhada, seja colhendo, construindo ou apoiando uns aos outros”, o diplomata brasileiro convocou o mundo à ação.

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