Conheça a professora que criou projeto gratuito de leitura para crianças na Ceilândia

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Por Madu Suhet
Agência de Notícias CEUB

A professora de artes Ana Paula Bernardes, apaixonada por literatura, transformou sua vocação em um projeto social que há quase duas décadas impacta a vida de crianças e jovens da Ceilândia.

Ela fundou o Instituto Roedores de Livros, em 2006, e assumiu a missão de passar para crianças e jovens da periferia a importância da leitura e da educação.

“Abre portas”

A professora relata sempre ter tido interesse pela literatura, e, também por ser educadora, aprecia a importância da leitura.

Sempre gostei muito de livros. A leitura abre portas que outros métodos talvez não consigam. Ela é fundamental para a formação de um cidadão crítico, capaz de compreender o mundo de maneira mais ampla e transformadora sobre a realidade do mundo.”

Da biologia à transformação social

A trajetória de Ana Paula na educação começou de forma inusitada. Inicialmente, ela cursava biologia no Centro Universitário de Brasília (CEUB), mas por não se identificar com a matemática no curso, repensou seu caminho.

“Eu gostava muito de biologia. Naquela época tinha o curso de matemática, era junto com biologia. Então, isso que me atrapalhou e eu desisti”

Foi sua irmã quem sugeriu que ela começasse a cursar artes, reconhecendo suas habilidades e sua criatividade.

“A minha irmã me disse que eu estava fazendo o curso errado e que eu deveria fazer artes pois eu combinava com isso. Foi tudo por acaso, e eu fui fazer artes na UnB”

Sonho na Ceilândia

A criação do Instituto Roedores de Livros nasceu do desejo de levar a literatura e a educação para crianças e jovens de comunidades periféricas.

O projeto começou em 2006, em um encontro que Ana teve com o escritor Ziraldo, na biblioteca do Instituto Tibone. 

‘’Durante a conversa que tivemos, Ziraldo falou: Tibone, a Ana Paula quer fazer um projeto, você está com a biblioteca, porque vocês não fazem algo juntos? Foi assim que nasceu o Roedores de Livros.’’

Foto: Acervo Pessoal

O projeto começou na biblioteca da Asa Norte, mas as dificuldades para reunir as crianças da região fez com que a Instituição se mudasse para a Ceilândia no fim do mesmo ano, para um espaço de uma ONG da cidade.

Depois, o lugar em que estavam foi vendido, o que obrigou Ana e sua equipe a procurar outro local, até que receberam o convite para se instalarem no Shopping Popular de Ceilândia, onde permanecem até hoje.

“Começamos na biblioteca da Asa Norte, mas percebemos que era difícil reunir as crianças da região. Então, no fim do ano, nos mudamos para Ceilândia, onde o acesso era mais fácil para elas. Depois de alguns anos, o espaço onde estávamos foi vendido, e tivemos que buscar outro lugar. Até que surgiu o convite para irmos para o Shopping Popular de Ceilândia, onde estamos até hoje.”

Liderança feminina

Durante sua trajetória, Ana foi rodeada de mulheres que a inspiraram, sua madrinha e sua irmã são exemplos para ela.

A professora acredita que ainda é necessário romper o patriarcado mas fica feliz em perceber que ao longo do tempo as mulheres têm conseguido conquistar seu espaço e seu próprio crescimento individual.

‘No início da minha carreira a escolha dos chefes sempre foram homens, mas isso foi mudando e hoje temos muitas diretoras.Então precisamos ainda sair do patriarcado para continuar a mudança.’ 

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