Entre a rebeldia e o lirismo

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Criar uma banda autoral de rock sempre foi um desejo intenso para Bia Nobre, 31, mas encontrar os parceiros ideais para embarcar nesse sonho não foi uma tarefa fácil. Determinada, a musicista encontrou apoio no estúdio M&V, onde os produtores Mãozão e Xicão a ajudaram a compor e gravar um EP. Assim nasceu “Respiro”, lançado no início de 2019, que serviu como um verdadeiro cartão de visitas na busca pelos músicos certos.

O grupo inicial se consolidou com Gabriel Lira (guitarra), Emerson Barros (bateria) e Vinicius Eré (baixo), companheiros de talento e afinidade que marcaram os primeiros anos da banda. “Foi uma fase maravilhosa! Somos muito amigos e sempre nos demos super bem”, conta Bia. No entanto, o processo criativo em grupo trouxe desafios inesperados: “Compor sempre fez parte da minha vida, mas fazer isso coletivamente foi um aprendizado. Hoje vejo como uma experiência essencial para minha evolução musical e profissional”. Atualmente, a banda é formada por Bia Nobre, Diego Castro, Vinícius Eré e Marcelo Batera.

A criatividade de Bia Nobre transborda nas composições, mas quando se trata de dar nomes, a escolha nunca é simples. O batismo da banda veio de uma combinação espontânea entre a icônica obra Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, uma de suas histórias favoritas, e a palavra “malícia” — um contraste entre inocência e astúcia que define bem a essência do grupo. “Decidi que era um nome bom o suficiente”, brinca.

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Reconstrução da Malice

A pandemia trouxe um dos maiores desafios para a Malice. Com mudanças na formação, Bia precisou segurar o projeto sozinha. “Foi desesperador, mas não tinha outra opção. Minha saúde mental está totalmente ligada à minha criatividade, e a banda é a melhor forma de exercitá-la. Então, continuar era o único caminho”, relembra.

A reconstrução começou quando Bia já tinha algumas composições inéditas e decidiu transformá-las em versões demo. Foi então que pediu ajuda ao amigo de infância, Diego Castro, para a produção. O que era apenas uma colaboração pontual acabou se tornando uma parceria definitiva, e Diego se juntou oficialmente à Malice. “A conexão criativa foi tão forte que não fazia sentido não seguirmos juntos. Viramos sócios e nos incentivamos mutuamente a dar um novo fôlego à banda”. Com a nova formação, a Malice continua explorando o stoner rock, mas agora com elementos de blues rock e uma presença mais ativa de Bia na guitarra. “Isso me faz sentir muito mais detentora da identidade musical da minha própria banda”, destaca.

A influência do rock clássico é evidente no som da banda, com referências que vão de Black Sabbath a Queens of the Stone Age. Na cena brasiliense, a Malice também se espelha em bandas lideradas por mulheres, como Mari Camelo, Nasty, Oxy, Binarious, Haynna e os Verdes e Xavosa. “A presença fortíssima dessas mulheres na cena incentiva muito o trabalho da minha banda como um todo”, diz Bia.

Desafios do perfeccionismo

O lançamento mais recente da Malice, “Meu Jardim”, mergulha em uma reflexão profunda sobre as dores do perfeccionismo. Composta em um momento de vulnerabilidade, a música aborda o peso de desejar tanto algo a ponto de transformá-lo em sofrimento. “O perfeccionismo pode paralisar”, explica Bia. A música pode ser encontrada no Spotify, Deezer e YouTube.

A identificação com a letra tem sido forte entre os ouvintes, reforçando a necessidade de abrir espaço para discussões sobre autocobrança no meio artístico. “Espero que a música incentive as pessoas a serem mais gentis consigo mesmas e a criarem por amor, sem a pressão de atingir um ideal impossível”.

Além de liderar a Malice, Bia Nobre também é professora de piano e canto na escola Empório Cultural e atua como compositora de trilhas sonoras para teatro. Com uma trajetória marcada pela resiliência, segue escrevendo novos capítulos para a Malice, sempre fiel à sua essência artística.

Com um álbum em produção, a banda se prepara para um novo momento, mantendo sua identidade, mas com uma sonoridade renovada. “Posso garantir que as composições virão sempre de um lugar honesto e, às vezes, vulnerável”, afirma Bia. Os planos incluem ampliar o público e levar a Malice para os palcos de todo o Brasil. “Nosso objetivo é criar muito e não parar no primeiro álbum”, conclui.

Confira:

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