Celular, bolsa e sapato de jovem que acusa PMs de estupro dentro de viatura sumiram, diz família

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PAULO EDUARDO DIAS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O aparelho celular, a bolsa e outros objetos que a jovem de 20 anos que afirma ter sido estuprada por policiais militares no interior de uma viatura na noite de domingo (2) sumiram.

Os pertences desapareceram no momento em que ela foi deixada pelos PMs em um local escuro às margens da rodovia Anchieta, disse à Folha de S.Paulo a mãe da mulher na noite desta quinta-feira (6). A investigação da Polícia Civil confirma que os objetos sumiram.

Foi através do mesmo telefone celular que a jovem gravou um vídeo no interior do carro da polícia contando o suposto estupro para a mãe. Ela estava sentada no banco do passageiro traseiro quando gravou a imagem. A cena mostra um policial guiando o automóvel e um outro a seu lado.

A gravação ocorreu, segundo a mãe, após o abuso e quando a filha temia ser morta. Os policiais teriam rodado durante três horas com ela no carro.

A mãe disse que os objetos incluíam uma bolsa, documentos, óculos de grau e iPhone. E afirmou ainda que a filha foi tratada como lixo pelos agentes. Ela pediu para não ter seu nome divulgado por temer represálias.

Segundo ela, a jovem estava em um bloco de Carnaval na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo. Depois, seguiu para Diadema, cidade na Grande São Paulo, onde mora o amigo que estava com ela. A jovem então teria avistado os policiais e pedido para carregar o telefone na viatura. Os agentes teriam autorizado e oferecido uma carona até a casa dela, o que foi aceito.

De acordo com a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), a jovem foi submetida a exame de corpo de delito, assim como os policiais, que estão presos.

A investigação da ocorrência foi colocada sob sigilo.

Os dois PMs envolvidos no caso foram presos em flagrante na segunda (3) pelos crimes de abandono de posto e descumprimento de missão após darem carona à jovem. Isso porque eles deixaram a área de patrulhamento sem autorização e sem motivo justificado, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública). A violência sexual é investigada.

A dupla envolvida na ocorrência está no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo. Eles tiveram a prisão preventiva, ou seja, sem prazo, decretada pela Justiça Militar.

Os PMs, do 24° Batalhão de Polícia Militar, com sede em Diadema, utilizavam câmeras corporais. As imagens são analisadas. “A Polícia Militar reforça seu compromisso com a legalidade e a transparência, garantindo que qualquer desvio de conduta será punido com rigor”, disse em nota a pasta da segurança.

A apuração também é feita por investigadores do 26° DP (Sacomã). A jovem prestou depoimento na terça-feira (4). Ela estava acompanhada pela mãe. Os policiais civis buscam possíveis câmeras de segurança que possam ter registrado o trajeto da vítima e auxiliar a entender o que possa ter ocorrido.

Conforme policiais civis, a jovem chegou ao plantão após ser deixada na rua pelos PMs. Ela aparentava estar desnorteada, disse um policial para a reportagem. De acordo com ele, a mulher não soube precisar o local em que foi abandonada. Uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi chamada e a socorreu até um hospital.

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