A farsa do sal rosa do Himalaia: o que você precisa saber sobre esse produto

A extração do sal rosa já foi alvo de polêmicas no Paquistão, além das condições precárias de trabalho enfrentadas pelos mineradores – Foto: Reprodução

O sal rosa do Himalaia é conhecido por seu preço elevado e pelas promessas de benefícios à saúde que supostamente o tornam superior ao sal marinho. No entanto, por trás dessa imagem glamourizada, há uma série de mitos e realidades que muitos desconhecem. A Folha BV explica por que a propaganda em torno desse produto pode ser considerada uma farsa.

De onde vem o sal rosa do Himalaia?

Ao contrário do que o nome sugere, o sal rosa não é extraído das montanhas do Himalaia. A maior parte da produção vem da região de Salt Range (Cordilheira do Sal), localizada no norte da província de Punjab, no Paquistão. Essa área, rica em sedimentos oceânicos, fica a cerca de 300 km do início da cadeia montanhosa do Himalaia. A presença de fósseis de animais marinhos na região comprova sua origem oceânica.

A exploração do sal na região remonta ao século XIII, mas se intensificou durante a colonização britânica no século XIX, quando minas e túneis foram abertos. Homens e crianças eram submetidos a condições insalubres de trabalho. No século XX, a extração ganhou escala industrial com o uso de máquinas. Atualmente, a maior parte da produção vem da mina de Khewra, responsável por cerca de 400 mil toneladas de sal rosa por ano. Estima-se que ainda haja sal suficiente para 350 anos de exploração.

Cor, preço e comparação

A coloração rosa do sal deve-se à presença de minerais, especialmente o ferro. No entanto, o sal pode apresentar outras cores, como laranja, vermelho e até branco, dependendo da concentração de minerais.

Muitos defendem que esses minerais tornam o sal rosa uma opção mais saudável em comparação ao sal marinho. No entanto, a quantidade de sal consumida diariamente é tão pequena que a presença desses minerais não gera impactos significativos na saúde, tornando essa diferença irrelevante, como explicamos abaixo:

O sal comum é 99% cloreto de sódio (NaCl), enquanto o sal rosa do Himalaia tem 97-98% de NaCl, com o restante composto por cerca de 80 a 84 minerais traço. No entanto, a concentração desses minerais é tão baixa que você teria que ingerir quilos de sal para obter uma quantidade significativa.

Se considerarmos o magnésio, um dos minerais presentes no sal rosa:

  • O sal rosa tem cerca de 0,1 mg de magnésio por grama.
  • A ingestão diária recomendada de magnésio para um adulto é entre 310-420 mg.
  • Para obter essa quantidade apenas do sal rosa, você teria que consumir 3 a 4 kg de sal por dia, o que seria letal devido ao excesso de sódio.

Exploração e polêmicas

A extração do sal rosa já foi alvo de polêmicas no Paquistão. Além das condições precárias de trabalho enfrentadas pelos mineradores, o sal bruto é exportado a preços baixos, com a maior parte do lucro ficando com países que processam o produto, como a Índia.

Outro fator que influencia o preço elevado do sal rosa são as tecnologias utilizadas no processo de extração. Quanto mais seguras e avançadas, mais caras elas se tornam. Além disso, o marketing em torno do produto, que o posiciona como um item premium e saudável, é um dos principais responsáveis por seu custo alto.

Falsificações no Brasil

No Brasil, o sal rosa do Himalaia também enfrenta problemas de falsificação. Diversas marcas já foram condenadas por adicionar corantes ao sal comum para simular a coloração rosa característica do produto original. Um consumidor do Reclame Aqui relatou que o sal rosa da empresa BR SPICES continha corante e detritos de areia, levantando preocupações sobre a qualidade e segurança do produto.

Para identificar sal rosa falsificado, é possível realizar um teste simples: coloque um punhado de sal em um copo com água e mexa bem. Se for falso, o copo ficará rosa ou alaranjado devido à presença de corantes. Além disso, o sal falsificado geralmente tem uma cor mais forte e não apresenta a mesma umidade que o original, que tende a ser mais úmido ao toque.

Para além da alimentação

O sal rosa não é utilizado apenas na culinária. Sua facilidade de ser esculpido o torna popular na fabricação de itens de iluminação, tábuas de corte, decorações e até saunas. No entanto, é na alimentação que ele ganha destaque, especialmente por sua cor e supostos benefícios à saúde.

O sal rosa do Himalaia é, sem dúvida, um produto interessante, mas suas supostas vantagens em relação ao sal comum são questionáveis. Além disso, é importante refletir sobre as condições de exploração e o impacto ambiental e social de sua produção. Antes de investir em produtos caros e cercados de marketing, vale a pena buscar informações e avaliar se os benefícios prometidos realmente justificam o custo.

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