Mulher é condenada por injúria racial por xingar humorista Eddy Jr.

eddy jr

GABRIELA CASEFF
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A aposentada Elisabeth Morrone, 71, foi condenada pela justiça de São Paulo a um ano e dois meses de reclusão pelos crimes de ameaça e injúria racial contra o humorista Eddy Jr.

A idosa, que em 2022 foi filmada fazendo insultos racistas em seu condomínio, também recebeu pena de um mês e cinco dias de detenção, em regime aberto, e multa. Seu filho, Marcos Vinicius Morrone Sartori, recebeu pena de dois meses de detenção, em regime aberto, por ter ameaçado o humorista.

O advogado de Eddy Jr. disse à Folha que considerou a condenação “extremamente branda” ao não refletir a gravidade dos crimes cometidos que atentariam contra a integridade física e psicológica da vítima.

“A pena fixada está aquém da justa punição esperada para atos dessa natureza, demonstrando, mais uma vez, a fragilidade do sistema de responsabilização penal em casos de racismo e ameaças”, afirma João Marcos Alves Batista.

“O Judiciário deve cumprir seu papel na tutela dos direitos fundamentais e na repressão de práticas que afrontam a dignidade da pessoa humana”, acrescenta Batista, que vai entrar com recurso para aumentar as penas impostas.

A defesa dos Morrone também deve recorrer da decisão por considerar que não houve crime.

“Ela não o chamou de macaco, eu tenho perícia. Vou recorrer e comprovar a inocência da mãe e do filho, que não poderia ser sequer julgado e condenado”, afirma o advogado José Beraldo.

Em 2023, o juiz Fernando Andrade Conceição determinou a realização de teste de sanidade após a defesa dos acusados argumentar que Marcos seria inimputável, em razão de sua “insanidade mental”. O laudo pericial atestou capacidade de entendimento, ainda que houvesse um quadro de deficiência intelectual leve.

“Eddy Jr. é influenciador digital e se aproveitou da situação, ganhou nome por conta desse fato”, diz José Beraldo.

Na sentença, o juiz afirma que divergências entre moradores não podem ser resolvidas “com as próprias mãos”.

“Em que pese a narrativa da defesa dos réus acerca de desavenças com a vítima, seja por barulho, provocações, nada disso pode permitir que atos como os praticados por eles sejam praticados e não sejam considerados crimes e não apenados. Pensar de outro modo acarretaria um desacerto na sociedade, autorizando que toda a população pudesse resolver seus problemas com as próprias mãos”, diz ele.

Entenda o caso
Eddy saía para passear com seu cachorro quando encontrou Elisabeth na garagem do seu condomínio, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, em outubro de 2022.

De acordo com a denúncia, a aposentada passou a chamá-lo de “macaco”, “neguinho”, “urubu” e “demônio preto” e disse que a casa dele deveria “feder”.

“Macaco, imundo, feio, urubu, neguinho, um perigoso que não merece morar aqui, uma pessoa que oferece riscos para os moradores desse condomínio, foi isso tudo que eu tive que ouvir ontem [segunda-feira] por ser preto”, escreveu Eddy ao compartilhar o vídeo em suas redes sociais.

O humorista disse ainda que o filho da aposentada o ameaçou. Imagens de câmera de monitoramento mostram Marcos empunhando uma faca em frente à porta do apartamento de Eddy, que não estava em casa naquele momento.

O humorista também compartilhou gravações de uma pessoa que ameaça matá-lo –de acordo com ele, a voz que aparece no arquivo é do filho da vizinha.

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