Zelensky afirma que paz duradoura na Ucrânia é ‘totalmente factível’

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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, considerou, nesta quarta-feira (5), que uma paz duradoura com a Rússia é “totalmente factível” se a Europa colaborar com os Estados Unidos, enquanto o Kremlin avaliou positivamente o fato de o mandatário ucraniano se mostrar disposto a iniciar negociações para encerrar o conflito.

Zelensky busca conter as consequências de sua tumultuada reunião na sexta-feira na Casa Branca, durante a qual foi acusado por seu homólogo americano, Donald Trump, e pelo vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, de não estar disposto a negociar.

O chefe de Estado ucraniano pede garantias de segurança sólidas aos seus aliados ocidentais para evitar que o Exército russo invada novamente seu país em caso de um acordo de paz.

Washington, que iniciou uma aparente aproximação com Moscou, suspendeu na segunda-feira a ajuda militar à Ucrânia, aprovada durante a administração do ex-presidente democrata Joe Biden.

O apoio econômico e militar é crucial para a ex-república soviética, que enfrenta as tropas russas desde fevereiro de 2022.

O diretor da CIA, John Ratcliffe, anunciou nesta quarta-feira que os Estados Unidos também suspenderam a troca de dados de inteligência com a Ucrânia, crucial para os soldados ucranianos.

Mas Zelensky, que tem sido alvo de críticas por parte de Washington, tenta retomar o diálogo.

“Todos queremos um futuro seguro para nosso povo. Não um cessar-fogo temporário, mas o fim da guerra de uma vez por todas. Com nossos esforços coordenados e a liderança dos Estados Unidos, isso é totalmente factível”, escreveu nas redes sociais.

Sua mensagem foi divulgada após uma conversa telefônica com o chefe de governo alemão, Olaf Scholz, que, segundo Berlim, recebeu positivamente o desejo de Zelensky de iniciar negociações o quanto antes.

– Kremlin considera “positiva” a possibilidade de negociar –

O líder ucraniano propôs na terça-feira uma trégua com a Rússia para interromper os ataques aéreos e marítimos e iniciar conversas sobre uma “paz duradoura” sob a “liderança” de Trump.

Zelensky também se disse disposto a assinar um acordo sobre a exploração dos recursos naturais ucranianos pelos Estados Unidos, uma reivindicação de Washington.

Em um discurso perante o Congresso na terça-feira, Trump afirmou que recebeu garantias de Zelensky sobre sua disposição em falar sobre uma “paz duradoura” com a Rússia.

“Esse enfoque é globalmente positivo, mas há questões” a serem consideradas, reagiu nesta quarta-feira o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, consultado pela AFP sobre as declarações de Trump.

O Kremlin levantou dúvidas sobre se negociaria com Zelensky, e Peskov citou um decreto assinado pelo presidente ucraniano que descartava negociações diretas com seu homólogo russo, Vladimir Putin.

O líder ucraniano editou um decreto em outubro de 2022 que proíbe qualquer conversa direta com Putin, uma decisão que Moscou usa regularmente para acusar a Ucrânia de não querer a paz.

Zelensky, no entanto, declarou-se disposto a se reunir com seu par russo, que também afirma estar disposto a negociar, mas com condições.

A Rússia exige a “desmilitarização” da Ucrânia e que Kiev ceda os territórios que Moscou reivindica como anexados. O governo ucraniano, por sua vez, rejeita tais condições e as considera inaceitáveis.

– Dificuldades no front –

O chefe de gabinete de Zelensky, Andrii Yermak, anunciou nesta quarta-feira que Ucrânia e Estados Unidos concordaram em manter novas conversas “em um futuro próximo”, após uma ligação telefônica com o conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Mike Waltz.

Enquanto isso, os europeus buscam maneiras de reagir à suspensão da ajuda militar dos Estados Unidos.

A Ucrânia informou na terça-feira que estava conversando com seus aliados europeus sobre como substituir o auxílio de Kiev.

A União Europeia, por sua vez, revelou um plano “para rearmar a Europa”, que fornecerá ajuda militar “imediata”.

O projeto será analisado durante uma cúpula europeia na quinta-feira, que terá como foco a Ucrânia e a segurança da Europa.

Zelensky participará do evento, que ocorrerá em Bruxelas, sede do braço executivo da UE, informou um funcionário europeu.

Apesar da grande atividade diplomática em torno de possíveis negociações, nada foi concretizado ainda.

A mudança de postura do presidente dos Estados Unidos ocorre em um momento em que a Ucrânia enfrenta dificuldades no front.

O Ministério da Defesa russo anunciou nesta quarta-feira a tomada de um novo vilarejo no leste da Ucrânia.

© Agence France-Presse

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