Zelenski lamenta briga e se diz pronto para trabalhar sob a ‘liderança de Donald Trump’

Foto:  Brian Snyder/Reuters

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, lamentou em publicação nas redes sociais nesta terça-feira (4) a discussão que teve com Donald Trump na Casa Branca e disse estar pronto para trabalhar sob a “forte liderança” do americano.

“Nenhum de nós quer uma guerra interminável. A Ucrânia está pronta para ir à mesa de negociações o mais rápido possível para aproximar a paz duradoura. Ninguém deseja a paz mais do que os ucranianos”, afirmou, no comunicado.

“Estamos prontos para agir rapidamente para acabar com a guerra, e as primeiras etapas poderiam ser a libertação de prisioneiros e uma trégua no céu —proibição de mísseis, drones de longo alcance, bombas em estações de energia e em outras infraestruturas civis— e trégua no mar imediatamente, se a Rússia fizer o mesmo”, disse o ucraniano, acrescentando que quer trabalhar com os EUA para um acordo final.

“Valorizamos muito o quanto a América tem feito para ajudar a Ucrânia a manter sua soberania e independência. E nos lembramos do momento em que as coisas mudaram, quando o presidente Trump forneceu os [mísseis] Javelins à Ucrânia. Somos gratos por isso.”

Segundo ele, a reunião no Salão Oval da Casa Branca “não aconteceu da maneira que deveria ser”.

“É lamentável que tenha ocorrido dessa forma. É hora de corrigir as coisas. Gostaríamos que a cooperação e comunicação futuras fossem construtivas”, disse.

Nesta segunda (3), Trump suspendeu toda a ajuda militar à Ucrânia após discussão com Zelenski. De acordo com um funcionário da Casa Branca, que falou sob anonimato, o presidente americano afirmou que está focado na paz.

O governo, segundo ele, pausou a assistência para revisar o auxílio e assegurar que os recursos estejam contribuindo para o que chamou de solução. À rede CNN, outro funcionário afirmou que a pausa é uma resposta direta ao que Trump vê como mau comportamento de Zelenski.

A ordem afeta mais de US$ 1 bilhão em armas e munições que estão em processo de aquisição ou já encomendadas. Autoridades disseram que a diretriz permaneceria em vigor até que Trump determinasse que a Ucrânia havia demonstrado um compromisso de boa-fé com as negociações de paz com a Rússia.

Na sexta-feira (28), em uma cena nunca vista em público no Salão Oval da Casa Branca, Trump e Zelenski bateram boca sobre os rumos da Guerra da Ucrânia, levando o visitante a deixar o encontro sem a prevista entrevista coletiva.

No encontro no Salão Oval, aberto à imprensa, Zelenski lembrou uma fala de Trump (“chega de guerra”) e disse que “é muito importante dizer essas palavras para Putin, porque ele é um assassino e um terrorista”.

“Eu sou a favor da Ucrânia e da Rússia”, afirmou Trump, que em seguida disse que Zelenski estava “jogando com a Terceira Guerra Mundial” ao buscar opor os EUA e o Ocidente à Rússia.

“O que você está dizendo é desrespeitoso com esse país”, afirmou. Em seguida, o vice de Trump, J. D. Vance, questionou ao ucraniano se ele “já disse obrigado”. “Eu acho desrespeitoso você vir aqui no Salão Oval e dizer essas coisas em frente à mídia americana”, afirmou. “O seu país está em apuros. Você não está ganhando”, disse.

“Nós demos US$ 350 bilhões a vocês, se vocês não tivessem nosso material militar, teriam perdido em duas semanas. Vocês têm de mostrar gratidão”, disse o presidente americano, cobrando um cessar-fogo e exagerando em três vezes o apoio dado pelos EUA a Kiev.

Trump disse que “eu empoderei você para ser um valentão, mas você não acha que pode ser um valentão sem os EUA”. “Seu povo é muito corajoso, mas você ou fará um acordo ou nós estamos fora. E se nós estivermos fora, você vai perder”, disse.

Folhapress

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