“Eu odeio o carnaval”; entenda o por quê e o que fazer

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Por Bernardo Paiva
Agência de Notícias do CEUB

Nem todos os brasileiros curtem o carnaval, a festa mais popular do país. Para algumas pessoas, o evento é uma fonte de estresse e desconforto. Uma dessas pessoas é Luana Ferreira, arquiteta de 34 anos.

Ela revela que sua relação com o Carnaval sempre foi marcada por um profundo incômodo com o barulho e a aglomeração.

“Desde criança, eu me sentia incomodada com o barulho, a confusão nas ruas e a falta de espaço pessoal”, confessa.

Para ela, o Carnaval não é apenas uma festa, mas uma pressão constante para se divertir de uma forma que não parece natural.

“Eu prefiro o silêncio, o conforto de estar em casa ou em lugares tranquilos, sem a agitação e o caos que o Carnaval traz”, acrescenta.

Em um contexto social onde a expectativa de participação é grande, Luana escolheu um caminho diferente: se afastar.

Ela tenta evitar ao máximo qualquer coisa relacionada à festa.

“Eu evito sair de casa, desligo as redes sociais para não ver vídeos e fotos de blocos ou desfiles, e me concentro no trabalho ou em projetos pessoais. Tento buscar momentos de paz, como ler um bom livro ou fazer pequenas viagens para lugares mais tranquilos”.

Apesar de compreender a importância cultural do Carnaval para muitos, Luana já tentou mudar sua visão sobre a festa.

“Tentei participar de algumas festas menores ou até mesmo ir a desfiles, pensando que poderia mudar minha visão. Mas a sensação de estar fora do meu espaço de conforto foi sempre maior do que a diversão que as pessoas dizem sentir”, explica.

Para ela, o carnaval continua sendo uma fonte de estresse, e sua resistência à festividade é uma escolha pessoal em busca de bem-estar e conforto.

Estresses

O psicólogo Eduardo Moreira, especialista em análise comportamental, explicou que pessoas que preferem ambientes tranquilos e se incomodam com barulho, aglomeração e a pressão para socializar podem ter uma experiência muito negativa durante o Carnaval.

“Os estímulos intensos dessa festa, como multidões e música alta, transformam o que é visto como um momento de celebração em um ambiente desconfortável e estressante”, afirma.

Para essas pessoas, a ideia de “se divertir” é muito diferente da visão comum do evento.

O psicólogo também aponta que, em muitos casos, experiências traumáticas ou o que ele chama de “trauma cultural” podem estar por trás dessa aversão.

“Além do desconforto com o barulho e a superlotação, algumas pessoas podem ter associado ao carnaval a situações negativas, como violência, assédio, ou até acidentes. Também existe o trauma cultural, que ocorre quando a pessoa não se identifica com os comportamentos frequentemente associados à festa, como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, drogas ou atitudes sexualizadas”, explica.

Para aqueles que desejam lidar com o desconforto profundo que sentem durante o Carnaval, o especialista Eduardo sugere que abordagens terapêuticas como a terapia cognitivo comportamental e a análise do comportamento podem ser eficazes.

“A TCC ajuda a pessoa a reestruturar seus pensamentos negativos e a lidar com suas emoções. Já a Análise do Comportamento trabalha com os reforçadores da aversão, buscando moldar novas respostas e associar o evento a experiências mais neutras ou positivas”, explica.

No fim, a experiência do Carnaval, como qualquer outra festividade, é subjetiva. Para algumas pessoas, pode ser a celebração da alegria, mas para outras, é um período de desconforto e estresse.

Luana, assim como muitas outras pessoas, busca o direito de escolher o que a faz se sentir bem, longe da pressão para se conformar com as expectativas sociais.

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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