Academia está entusiasmada com engajamento global nas redes sociais, diz porta-voz do Oscar

filme ainda estou aqui a.jpg

VITOR MORENO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O frenesi que tomou conta das redes sociais com a participação de “Ainda Estou Aqui” no Oscar não passou despercebido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que promove a premiação da qual o filme brasileiro pode sair com até três estatuetas neste domingo (2). É o que diz Meredith Shea, diretora de membros, impacto e indústria da entidade, quando perguntada pela Folha de S.Paulo se o entusiasmo dos brasileiros na internet pode ajudar (ou mesmo atrapalhar) as chances do longa.

“Embora não possamos discutir nomeações específicas, eu definitivamente posso compartilhar que estamos vendo um aumento no engajamento do público em nossas plataformas de mídias sociais”, comenta ela em bate-papo com alguns veículos estrangeiros. “Estamos entusiasmados em ver o mundo interagindo conosco nas redes.”

Segundo ela, a Academia vê com bons olhos que os fãs participem e discutam sobre as indicções e também sobre os vencedores. Ela acha que isso permite que muitos deles descubram outros assuntos de interesse dentro do universo cinematográfico, bem como outras ações da entidade em diversas áreas.

Para incentivar que isso ocorra ainda mais, Shea diz que a cerimônia deste ano, comandada pelo humorista e apresentador Conan O’Brien, terá elementos interativos. “Isso permite que os fãs participem de discussões sobre o que está acontecendo em tempo real”, comenta, sem especificar quais serão as novidades.

A relevância do público estrangeiro para a premiação tem cada vez mais relevância para a Academia, que, de certa forma, vem globalizando também seus indicados. Exemplo disso são as múltiplas indicações a “Ainda Estou Aqui” e a outros longas, como o francês “Emilia Pérez”.

Shea defende que não é apenas o crescimento do número de votantes internacionais que possibilitou isso. Segundo ela, há um esforço ativo por parte da entidade para tornar a premiação menos focada na produção de Hollywood. “Acho que é uma combinação de muitos fatores”, comenta.

“Como organização, mudamos nossa comunicação com os membros, informando-os de que os filmes são elegíveis em todas as categorias”, acrescenta. “Estamos indo a festivais de cinema e a diferentes conferências para compartilhar nosso processo de premiação para que as pessoas saibam que não há barreira de entrada, não custa dinheiro enviar seu filme para consideração do Oscar, seja um curta ou um longa. Qualquer um pode enviar desde que atenda aos nossos requisitos de elegibilidade.”

Ela diz que os membros também estão sendo incentivados a ampliar os próprios repertórios e que demorou muito para que alguns deles percebessem que existe espaço para interseção entre categorias que antes pareciam distantes. É o caso de “Flow”, que neste ano concorre a melhor animação e a melhor filme internacional.

“Temos 23 categorias que estão abertas a todos os tipos de filme”, afirma. “Demorou para chegar a esse ponto e você só precisa comunicar e deixar as pessoas saberem que é possível.”

“Muitas de nossas categorias mais artesanais são vitais para que, com seus olhos e ouvidos, os membros nos digam que tal filme pertence não apenas a uma categoria. Também podemos reconhecê-lo aqui na minha área de especialização”, exemplifica. “É aí que acho que estamos notando a grande mudança.”

Atualmente, a Academia tem quase 11 mil membros, dos quais 30% moram fora dos Estados Unidos. No ano passado, dos 500 novos integrantes da entidade, a maioria (56%) eram de outros países. “É vital para nós saber onde nossos membros estão no mundo”, diz Shea. “Nosso foco a cada ano é sempre em torno de celebrar a excelência na realização de filmes.”

Adicionar aos favoritos o Link permanente.