Yamandú Orsi toma posse e marca volta da esquerda ao poder no Uruguai

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O esquerdista Yamandú Orsi toma posse neste sábado (1º) como presidente do Uruguai, marcando o retorno da esquerda ao poder no país latino-americano depois de cinco anos sob a centro-direita de Luis Lacalle Pou no ano em que se comemora 40 anos do fim da ditadura uruguaia.

Herdeiro político de José “Pepe” Mujica, Orsi, que lidera a coalizão de esquerda e centro-esquerda Frente Ampla, venceu as eleições do dia 24 de novembro com cerca de 50% dos votos, derrotando o candidato governista Álvaro Delgado, do Partido Nacional. Após uma transição tranquila, Orsi receberá a faixa de Lacalle Pou e governará o Uruguai até 2030.

A cerimônia de posse começa por volta das 14 horas, horário de Brasília, quando Orsi deve prestar o juramento à Constituição na Assembleia Geral, o Parlamento uruguaio. Depois, na Praça da Independência, em Montevidéu, ocorre a passagem da faixa e o discurso do presidente empossado. O presidente Lula (PT) já está no Uruguai e deve comparecer à cerimônia, assim como o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, do Chile, Gabriel Boric, e o rei da Espanha, Felipe 6º.

Professor de história, Orsi tem 57 anos e foi duas vezes governador do departamento de Canelones, que circunda Montevidéu no mapa e reúne 520 mil habitantes, 15% da população de pouco mais de 3 milhões de pessoas do Uruguai. Ele chega ao cargo máximo da nação com 53% de popularidade e uma série de desafios, como o alto custo de vida e a segurança -este último tema é citado pelos uruguaios como sendo o de maior preocupação, segundo pesquisas eleitorais.

No Uruguai, a taxa de homicídios é de 10,5 por 100.000 habitantes, e a população carcerária é de 445 presos por 100.000 habitantes, a mais alta da América do Sul e a décima mais alta do mundo -no Brasil, esse número era de 389 presos por cada 100 mil habitantes em 2023, segundo relatório da ONG World Prison Brief. Há 663 mil pessoas presas no Brasil, segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

O futuro presidente pertence à mesma força política de Mujica, o MPP (Movimento de Participação Popular), que, fundado em 1989, marcou a entrada dos ex-guerrilheiros tupamaros na política institucional. Nesse sentido, Orsi é uma renovação de antigos quadros nacionalmente conhecidos, como Tabaré Vázquez, morto em 2020, e Mujica, a velha guarda da esquerda uruguaia.

O novo presidente chega ao poder com seu partido no controle do Senado mas sem maioria na Câmara dos Deputados, onde terá que negociar com a oposição.

A diplomacia brasileira deposita em Orsi esperanças de que ele possa servir como um contraponto ao presidente argentino Javier Milei -o ultraliberal não estará na posse, uma vez que participa da sessão de abertura do ano legislativo no Congresso da Argentina neste sábado.

Também não estarão presentes representantes de Cuba, Venezuela e Nicarágua, ditaduras de esquerda que não foram convidadas à cerimônia por Lacalle Pou. “Ninguém da Venezuela vem”, disse na quinta (27) o futuro ministro das Relações Exteriores, Mario Lubetkin.

O líder opositor Edmundo González, entretanto, está em Montevidéu e foi recebio por Lacalle Pou neste sábado. Sob o presidente de centro-direita, o Uruguai foi um dos primeiros países a rejeitar a suposta vitória do ditador Nicolás Maduro nas eleições presidenciais e reconhecer González como o presidente eleito legítimo.

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