Da Lava Jato à Toga, do 8 de janeiro à autocrítica que falta à imprensa

(Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

O que é visto na imprensa agora é uma pronta crítica, ao colocar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Morais como “incapacitado” de julgar os investigados da tentativa de golpe do dia 8 de janeiro.

Mas nem sempre a mídia brasileira foi assim, capaz de opinar, ou investigar os fatos profundos, ir ao esgoto e trazer o mel das flores do combate à corrupção. Em momentos dramáticos da nossa democracia, a então operação de Curitiba Lava Jato era sempre alvo de capas dos grandes jornais. Daí, vimos crescer sem precedentes um monstro: o juiz de “capa” de Curitiba. Ou seria melhor falar em juiz de capas? Porque esse deu muita manchete como juiz.

Esse monstro se camuflou embaixo de uma capa, criou asas, voou para o Planalto e deu os braços e abraços ao céu. De lá, como Ícaro, caiu com uma vertiginosa rapidez. Hoje só escreve seus hieróglifos na antiga rede Twitter, atual X. Esses, por sinal, incompreensíveis.

Durante vários anos a imprensa brasileira foi alvo do velho “copia e cola” dos releases da Lava Jato, sem dar margens a dúvidas quanto à incansável gana de poder de um grupo, que, à primeira queda, não sobrou nenhum para contar a história.

Precisou um rato, ou melhor, um hacker, andar em meio a essas fétidas emboscadas para dar luz àquele caminho que a nossa imprensa estava trilhando, revelando o que logo seria conhecido como “Vaza Toga”.

A fanfarra da “Toga” almejava mais que um simples plano de poder. Do mundo das leis, saíram arrastados pela lama. O final desta história ainda estamos acompanhando.

O que aconteceu em 8 de janeiro foi plantado junto com a Lava Jato, cultivada muito bem pela imprensa com suas páginas e letras garrafais nas manhãs de domingo, desdobradas no Fantástico à noite.

O que se ouve agora é uma tal de “prudência” com a postura do ministro do STF. Mas aí vale a pergunta: que peso deve ter a nossa luta para manter a nossa democracia?

O Brasil já foi um país para amadores. Agora, não mais!

A imprensa brasileira também tem que parar um pouco, olhar o retrovisor e fazer uma bela autocrítica. Sem essa paradinha e checagem, não tem como dizer que estamos melhorando nosso olhar.

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Francisco Julio Bárbaro Xavier é jornalista, ator e apresentador potiguar. Formado em Jornalismo pela Universidade Potiguar-UnP. Aluno da graduação de Linguagem na Fasesp. É pós-graduado em Comunicação Digital pela UnP.

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