Eletrobras estatal era um hardware com software muito ruim, diz CEO

THIAGO BETHÔNICO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O CEO da Eletrobras, Ivan Monteiro, comparou a companhia antes da privatização a um hardware que tinha um software de gestão muito ruim.

O executivo participou nesta quarta-feira (26) de painel em evento do BTG Pactual sobre experiência pós-desestatização.

Monteiro comentou sobre o processo de assumir o cargo e fazer um grande diagnóstico do que a companhia queria ser no curto e médio prazo.

“Eu defino a Eletrobras como um grande hardware que tinha um software de gestão muito ruim. E, sabendo que a gente poderia extrair daquele ativo uma contribuição extraordinária para o resultado da companhia, a gente implementou isso”, disse.

Com 36 anos de experiência em empresas estatais (32 anos no Banco do Brasil e quatro na Petrobras), Monteiro afirmou que umas das primeiras dificuldades no cargo foi ver que a Eletrobras era uma empresa que “não tinha cliente”.

“Eu até brincava que, se o cliente entrasse no prédio o antivírus matava, porque nunca viu aquilo.”
Segundo o executivo, a nova gestão conseguiu implementar bem a cultura de empresa sem controlador, harmonizando procedimentos de compras, pagamentos, gestão de força de trabalho, relacionamento com bancos, entre outras etapas do “turnaround”, como o mercado chama essa jornada de reformulação.

No entanto, ele diz que 2025 simboliza o término desse processo. “Nós não vamos mais usar essa expressão [turnaround] dentro da Eletrobras.”

Também participou do painel o CEO da Sabesp, Carlos Piani. Ele disse ter assumido a companhia de saneamento numa boa situação, com cerca de US$ 12 bilhões em valor de mercado, quantia que coloca a empresa como a terceira maior do setor, atrás apenas da American Water e da francesa Veolia

“A nossa visão é clara: queremos ser a maior empresa do mundo. Esse foi o primeiro objetivo que desenhamos”, afirmou.

Segundo ele, o primeiro obstáculo nessa jornada é a universalização. A companhia tem por obrigação contratual universalizar os serviços de água e esgoto do estado até 2029, o que vai exigir investimentos na casa dos R$ 70 bilhões.

“Nos próximos cinco anos, estaremos entre os maiores investidores do país para fechar essa lacuna.”
Piani foi questionado sobre qual rumo vê para a Sabesp após 2029, quando a empresa estaria “livre para voar”.

O CEO afirmou que neste primeiro momento a geração de valor deve estar concentrada na transformação da companhia. Depois, ele acredita em um crescimento orgânico da empresa dentro de São Paulo, em outros estados e, eventualmente, fora do Brasil.

Segundo Piani, com o saneamento universalizado e com o valor de mercado que deve alcançar, a Sabesp vai conseguir fechar a lacuna em relação aos franceses e os americanos e ter toda capacidade de crescer para onde achar que faz sentido.

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