Sem crise respiratória e com exames estáveis, papa continua em estado crítico, diz Vaticano

Aos 88 anos, ele está internado em Roma, e os médicos acabam de atualizar seu quadro de saúde – e não é nada animador!

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
ROMA, ITÁLIA (FOLHAPRESS)

O papa Francisco, internado há 11 dias no hospital Agostino Gemelli de Roma, se manteve sem novas crises respiratórias, e os exames de sangue estão estáveis, informou novo boletim médico divulgado na tarde desta terça-feira (25). A condição de saúde do pontífice, porém, continua a ser considerada crítica.

À noite, ele foi submetido a uma tomografia computadorizada, já prevista para monitorar o quadro da pneumonia bilateral. Pela manhã, segundo o Vaticano, ele voltou a trabalhar após receber a eucaristia.

Mais cedo, o Vaticano divulgara que o pontífice havia passado uma noite tranquila, ainda que seu estado de saúde fosse considerado crítico. “O papa descansou bem, por toda noite”, dizia a nota. Este já é o período de internação mais longo de Francisco, 88, desde que se tornou papa em 2013, superando o período de dez dias em 2021, quando se submeteu a uma cirurgia eletiva no intestino.

No dia anterior, a Santa Sé havia informado que a condição do pontífice continuava crítica, mas que havia mostrado uma “leve melhora”, acrescentando que a “insuficiência renal leve”, relatada pela primeira vez no fim de semana, não era motivo de preocupação. Foi o primeiro sinal positivo desde o agravamento de seu estado de saúde, no fim de semana.

Francisco inclusive recebeu visitas, informação apenas especulada até então. Além da equipe médica, somente assessores diretos e seguranças vinham tendo acesso a ele. O pontífice manteve audiência com o cardeal italiano Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano e segunda figura mais importante na hierarquia da Igreja, e com o arcebispo venezuelano Edgar Peña Parra, o terceiro no comando. No encontro, acertaram o decreto de Dicastério da Causa dos Santos, que sinaliza o prosseguimento de processos de beatificação e canonização.

Um dos casos que ganharam prosseguimento foi o de Salvo D’Acquisto, carabinieri que trocou sua vida pela de 22 civis na Segunda Guerra. Em 1943, com parte da Itália ocupada pelos nazistas, dois soldados alemães morreram em um suposto ato de sabotagem. O policial foi chamado para verificar o caso e, quando percebeu que um grupo reunido de forma aleatória seria fuzilado em retaliação, assumiu o ato.

Para o papa, esse gesto deve ser considerado um martírio, reconhecimento que foi permitido pelo próprio Francisco em 2017. “Enquanto vivemos em uma época poluída pelo individualismo e pela intolerância em relação aos outros, bem como pela exacerbação de tantas formas de violência e ódio que vemos em nossas cidades, seu testemunho transmite uma mensagem carregada do poder do amor”, disse o papa sobre D’Acquisto, em 2023, quando a morte do militar completou 80 anos.

O decreto causou comoção na Itália. A premiê, Giorgia Meloni, e o chanceler, Antonio Tajani, celebraram a decisão em redes sociais.

No mesmo ato, o médico José Gregorio Hernández foi canonizado, tornando-se assim o primeiro santo católico da Venezuela.

Francisco também assinou uma mensagem de Quaresma, publicada mais cedo nesta terça-feira (25). O documento começa com um convite da Igreja Católica para “celebrar o triunfo pascal de Cristo, o Senhor, sobre o pecado e a morte”. E cita São Paulo: “A morte foi tragada pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”.

Os despachos, que incluem movimentação de bispos no Brasil, sugerem um papa ativo. A saúde debilitada não o afastou da liderança da Igreja Católica, ainda que boa parte das atividades estejam obviamente prejudicadas. Esse ao menos é o tom que os informes do Vaticano transmitem.

Parolin rezou uma missa na praça São Pedro na noite de segunda-feira (24). Acompanhado pelos fieis debaixo de uma chuva fina e uma temperatura em torno de dez graus, Parolin afirmou que “nos Atos dos

Apóstolos, conta-se que a Igreja orou intensamente enquanto Pedro era mantido na prisão. Por dois mil anos, o povo cristão tem orado pelo Papa quando ele está em perigo ou doente”,

A cerimônia, a reza do Rosário, deve ser repetida todos os dias em que Francisco estiver no hospital. Na noite desta terça-feira (25), o evento seria conduzido por outro nome forte do Vaticano no momento, o cardeal filipino Luis Antonio Tagle.

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