‘Falei para eles que o fuzil furava blindagem’, diz delator sobre atentado em Taboão da Serra

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FRANCISCO LIMA NETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

“Eu informei para eles que o fuzil furava blindagem”, disse Gilmar de Jesus Santos, delator e, segundo a polícia, um dos atiradores no atentado ao ex-prefeito de Taboão da Serra, José Aprigio da Silva (Podemos), em meio à campanha para reeleição, em outubro de 2024.

O vídeo da delação foi obtido pelo Fantástico, da TV Globo.

A Polícia Civil acredita que o ataque a tiros contra Aprigio, então candidato à reeleição, tenha sido forjado. Segundo o delator e as investigações, o então prefeito queria comover o eleitorado para ganhar votos. Ele perdeu a disputa no segundo turno para Engenheiro Daniel (União).

Na segunda-feira (17), quando foi deflagrada a Operação Fato Oculto, com base na delação e em outras evidências, o advogado Allan Mohamed negou o envolvimento do ex-prefeito no crime e argumentou que ele é a vítima no caso.

À TV, Santos afirmou que avisou o grupo de que era perigoso acertar alguém dentro do carro. Ele disse que o secretário de Obras e Anderson da Silva Moura, conhecido como Gordão, pesquisou qual era a blindagem do carro de Aprigio.

“O prefeito falou que era 3A [o maior nível de segurança]. Aí fizeram lá a pesquisa entre eles e falaram para mim que [o tiro] não furava a blindagem, que podia atirar sem medo, que o prefeito estava pedindo, que tinha que fazer desse jeito para parecer, tipo, um fato real, mas era só um susto, só”, relatou.

O delator disse que propôs atirar no capô do carro, mas disseram que teria de ser na lateral.

“Eu não sabia da existência de mais pessoas dentro do carro porque até tinha combinado com o prefeito que não era para ter mais gente dentro do carro”, afirmou.

Ele disse ainda que Odair Junior de Santana, conhecido como Baianinho, fez os disparos contra o vidro do carro de Aprigio.

“Eu vi quando […] pegou no vidro, aí eu tomei o fuzil dele e eu que fiz o disparo no pneu. Eu não me recordo muito bem, mas eu acho que foram cinco disparos”, declarou.

O delator afirmou que o prefeito sabia dos riscos.

“Ele mais ou menos tinha ciência do que poderia acontecer. Eu acho que ele já imaginava que podia acontecer alguma coisa. Mirei num pneu, mas eu não sei especificar para a senhora se foi o que eu disparei ou se foi o Odair que disparou [que acertou o prefeito]. Com tudo isso, meu maior cuidado era que não atingisse quem tava dentro do carro, que a intenção era só dar um susto”, disse.

Em meio às investigações do atentado, a Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo apuram se o fuzil usado no ataque foi comprado pelo próprio ex-prefeito.

Na delação, Santos afirmou que soube que o prefeito deu R$ 85 mil para a compra do fuzil.

“O dinheiro foi cedido pelo prefeito para comprar o fuzil. Agora, não foi exatamente o prefeito que levou o dinheiro para eles, porque todo o contato do Gordão era feito pelo secretário de Obras, mas o prefeito tinha ciência de tudo”, afirmou.

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