55% da população do DF tem animais de estimação

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Maiara Marinho
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Mais da metade da população brasiliense tem animais de estimação em casa. Em comparação com os resultados obtidos em 2021, o crescimento foi de 5,4 pontos percentuais, passando de 49,6% para 55% em 2024. Cães, gatos e aves são os principais animais nos lares. As informações são da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios Ampliada (PDAD-A).

Em 2013 e 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, divulgou dados sobre a presença de animais domésticos nos domicílios brasileiros por meio da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).

De acordo com o levantamento, a porcentagem de cães nas casas do Distrito Federal era de 32,3% em 2013 e passou para 41,1% em 2019. Já os gatos representavam 6,9% em 2013 e 10,3% em 2019. Os dados demonstram um crescimento contínuo na adoção ou aquisição de animais domésticos. Por outro lado, observados separadamente, os casais sem filhos (18,9%) seguem à frente dos casais com filhos (16,9% até 1 filho, 12% com dois filhos e 5% com três ou mais filhos).

“O aumento de animais domésticos nos lares do DF, ao mesmo tempo em que cresce a quantidade de casais sem filhos, indica uma transformação na estrutura familiar e nos valores sociais”, explicou o psicanalista clínico e professor da Associação Brasileira de Psicanálise Clínica, Artur Costa.

Para Artur, embora algumas pessoas estejam voltando a casar e a ter filhos, “o que observamos é uma diversificação dos modelos familiares, em que muitas optam por relações mais flexíveis, priorizando a carreira, a estabilidade financeira e o bem-estar individual antes de decidir ter filhos”, disse.

Isso pode ocorrer, segundo o psicanalista, devido às novas formas de vínculos e afetos que os casais estão construindo, refletindo uma mudança comportamental e cultural. Com isso, essas emoções não se restringem à parentalidade.

Outro fator importante para o aumento do número de animais de estimação nos lares está relacionado à valorização do bem-estar animal, tendência que tem crescido nos últimos anos. “Cada vez mais, os pets são vistos como membros da família, recebendo cuidados e investimentos em saúde, alimentação e bem-estar”, comentou o psicanalista.

Os animais também são vistos como apoio emocional e companhia. “Acho que um bichinho evita que a gente fique com depressão, ajuda nas crises de ansiedade, melhora o astral da família e do ambiente do lar. Acho que fica mais leve, mais gostoso, mais tranquilo”, afirmou a dona de casa Fernanda Aguiar, de 52 anos, moradora do Plano Piloto.

Desde pequena, Fernanda convive com animais. Quando casou e construiu sua própria família, manteve a tradição. “Já tive peixinhos, passarinhos, tartarugas, coelhinhos quando meus filhos eram pequenos”, contou.

Diferentemente do que ocorre hoje, na época dos pais de Fernanda, os bichinhos não costumavam ficar dentro de casa. Agora, é comum ver aniversários para animais, creches especializadas e um acompanhamento médico veterinário digno de inveja. “Ele dorme na minha cama comigo, me leva para passear, faz o que quer”, disse a tutora do pequeno Bolt, um poodle marrom de 9 anos.

Na casa da estudante Giovana Dias, de 16 anos, foi ela quem começou a tradição. Após passar muito tempo pedindo um cão para os pais, hoje é tutora de Luke, um dachshund bege de 5 anos. “Como estudo em colégio militar e minha família é de militares, toda hora estamos em transferência”, explicou Giovana, ao comentar a resistência inicial dos pais. “Mas insisti tanto, tanto, tanto, que eles acabaram cedendo”, disse ela enquanto passeava com Luke na Asa Norte. “É muito bom, recomendo muito ter um cachorrinho em casa”, opinou a estudante.

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Giovana Dias, pela primeira vez, adotou um cão aos 16 anos, após convencer os pais.

Do Rio de Janeiro para Brasília, Boris, um boxer de 10 anos, é o primeiro cão de Bernardo Paes, administrador de 41 anos. Apesar de ter crescido com animais domésticos, ele e a ex-companheira eram um casal sem filhos, mas tinham um cachorro. Após o término, Bernardo se mudou para o Distrito Federal e, em comum acordo, trouxe Boris com ele. “Esse cara mudou minha vida para muito melhor em tudo. Hoje, acredito que qualquer animal de estimação é um presente de Deus para nos guiar e nos ajudar a ser melhores”, disse.

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Bernardo Paes é tutor do Boris há 10 anos e o trouxe do Rio de Janeiro para Brasília.
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