Xi e Modi selam reaproximação após 5 anos distantes

chinese president xi jinping shakes hands with indian prime minister narendra modi during their visit at east lake guest house, in wuhan

IGOR GIELOW
KAZAN, RÚSSIA (FOLHAPRESS)

No principal desenvolvimento paralelo à cúpula do Brics em Kazan, na Rússia, os líderes da China e da Índia fizeram a primeira reunião bilateral formal entre ambos em cinco anos, selando assim a reaproximação entre os rivais asiáticos.

Xi Jinping e o premiê Narendra Modi se encontraram após a reunião plenária dos chefes de Estado e de governo do bloco criado em 2006, quando tanto chineses e indianos eram lidos pelo mercado como produtos semelhantes, os tais emergentes.

Hoje são chamados igualmente de integrantes do Sul Global, mas isso escamoteia a profunda diferença e a rivalidade que cresceram ao longo dos anos. Nova Déli busca independência, mas é aliada na Ásia-Pacífico dos Estados Unidos no grupo anti-China Quad, com Japão e Austrália.

E há as questões fronteiriças, que levaram a uma guerra vencida por Pequim em 1962 e diversos entrechoques desde então, o mais recente em 2020, quando morreram 20 soldados indianos e 4 chineses.

Essa disputa começou a ser resolvida nesta semana, quando a Índia anunciou um acordo para normalizar o patrulhamento dos dois lados da fronteira. A China confirmou os termos depois e, agora, celebra o relaxamento das tensões com o encontro pessoal do líder com o premiê.

Segundo Modi, manter a estabilidade da fronteira “deve ser nossa prioridade”.

Eles já se encontraram antes, mas sempre em eventos como as cúpulas dos Brics, em fóruns ampliados.

Mas a última conversa até então “tête-à-tête” havia ocorrido em outubro de 2019, na cidade indiana de Mamallapuram.

No ano passado, Xi não foi à cúpula do G20, grupo das mais desenvolvidas economias do mundo, na sua edição sob a presidência da Índia, em Nova Déli. Mas as conversas para acabar com a tensão ganharam tração.

No topo da agenda está a relação econômica. A China quer destravar os mecanismos impostos pela Índia para escrutina o investimento direto que faz no país, que na prática paralisou toda a carteira de grandes projetos de infraestrutura no vizinho. Mesmo com a crise, o comércio bilateral cresceu também.

Para o anfitrião, Vladimir Putin, o cachimbo da paz fumado é uma boa notícia, por aproximar os dois países mais importantes para manter a sua economia sobrevivendo sob as sanções ocidentais decorrentes da Guerra da Ucrânia.

Isso se refletiu nos termos condenando esses mecanismos na declaração final da cúpula dos Brics, no qual os países do grupo se dizem “profundamente preocupados com os efeitos nocivos das sanções à economia mundial”.

Coube à presidente do banco dos Brics, Dilma Rousseff, falar sobre isso na sessão aberta da cúpula. Ela mencionou o nível de endividamento de países emergentes e voltou a falar sobre a necessidade da desdolarização com alternativa à transformação da moeda americana em uma arma geopolítica.

Putin foi na mesma linha em sua intervenção no segmento público do encontro, e Lula (PT) falou por vídeo que o debate sobre o emprego de moedas nacionais em transações dos países do bloco é urgente.

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