Estudo identifica coronavírus inédito na China

Pesquisadores identificaram um novo coronavírus em morcegos na China, conforme estudo publicado na revista científica Cell. O vírus, denominado HKU5-CoV-2, despertou interesse devido à sua capacidade potencial de infectar células humanas.

Em entrevista à CNN, o infectologista Alexandre Naime, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, explicou que a descoberta é fruto de um trabalho contínuo de monitoramento genético. “Morcegos são verdadeiros reservatórios de vírus, e muitos desses patógenos podem sofrer mutações e se tornar uma ameaça à saúde pública”, afirmou Naime.

O HKU5-CoV-2 pertence a um grupo de coronavírus semelhante ao MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), vírus que provocou um surto em 2012. Embora apresente semelhanças com o SARS-CoV-2, causador da Covid-19, seu diferencial está na interação com o receptor ACE2, porta de entrada para células humanas.

Estudos laboratoriais apontaram que esse novo vírus pode, em teoria, infectar células humanas. No entanto, segundo Naime, a força de ligação ao receptor ACE2 ainda não se compara à do SARS-CoV-2. “A afinidade ainda não é suficiente para causar uma infecção significativa em humanos, mas isso não significa que devemos ignorá-lo”, alertou o infectologista.

A identificação desse vírus reforça a necessidade da vigilância genômica para rastrear e analisar novos patógenos antes que representem ameaças globais. Monitorar animais que convivem em proximidade com humanos, como porcos e aves, é essencial para antecipar riscos e evitar pandemias futuras. “A pandemia de Covid-19 nos ensinou que a prevenção é a chave. Precisamos de sistemas de vigilância robustos para identificar potenciais riscos antes que se tornem crises”, destacou Naime.

O infectologista também ressaltou a importância de investimentos em pesquisa e infraestrutura científica. Segundo ele, o corte de recursos para instituições acadêmicas e órgãos de vigilância pode comprometer a capacidade de resposta a novas doenças infecciosas. “Sem um investimento adequado, ficamos vulneráveis a novas pandemias. Precisamos garantir que o conhecimento científico continue avançando”, enfatizou.

Apesar da relevância da descoberta, especialistas afirmam que não há motivo para alarme no momento. O HKU5-CoV-2 será acompanhado de perto para avaliar sua capacidade de disseminação e possíveis impactos na saúde pública.

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