Quarta onda de calor do ano pode bater recorde; antes, tem alerta de chuvas

MAURÍCIO BUSINARI
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

O Brasil enfrenta sua quarta onda de calor do ano, com temperaturas acima da média. O fenômeno atinge principalmente o Centro-Oeste, Sudeste e Sul, podendo estabelecer novos recordes.

O bloqueio atmosférico é o principal responsável pelo calor extremo. Esse sistema de alta pressão impede a entrada de frentes frias, mantendo o ar quente retido sobre o país. Segundo o meteorologista Micael Amore Cecchini, professor doutor do IAG/USP (Instituto De Astronomia, Geofísica E Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo), esse bloqueio pode se estender por vários dias e gerar recordes históricos de temperatura.

A atual onda de calor pode ser menos intensa que a anterior, mas o risco de recordes permanece. O motivo é a proximidade entre os eventos, que impediu que o solo e a atmosfera se resfriassem completamente. “Essa onda de calor parece ser um pouco menos intensa do que a última, mas veio logo na sequência, sem tempo para esfriar tanto assim. Por mais que o sistema seja menos intenso, ainda é possível que algumas cidades batam recordes,” explicou Cecchini.

A MetSul Meteorologia prevê temperaturas de até 40°C em algumas regiões do Brasil. No Rio Grande do Sul, as máximas devem ultrapassar os 35°C na maioria dos municípios, com picos superiores a 40°C em algumas áreas do Noroeste, Oeste, Centro e Grande Porto Alegre.

Os dias mais quentes desta onda de calor devem ocorrer entre terça e quarta-feira. A previsão da MetSul aponta que o calor será intenso e persistente ao longo da semana, sem alívio significativo até pelo menos a quinta-feira. No Sul, pancadas de chuva podem amenizar o calor em algumas áreas, mas no Centro-

Oeste e Sudeste, as altas temperaturas continuarão predominando.

Em Porto Alegre, os termômetros podem alcançar entre 37°C e 38°C. Na região metropolitana, os valores podem ser ainda mais altos, com possibilidade de atingir os 40°C em cidades do Vale do Sinos e arredores. A MetSul destaca que, apesar de ligeiramente menos intensa do que a onda de calor anterior, esta nova incursão de calor pode gerar impactos consideráveis.

Nesta quinta-feira (20), as temperaturas permaneceram altas em diversas regiões do país. Confira o ranking das capitais mais quentes:

Rio de Janeiro 38,8°C
Cuiabá 35,4°C
Goiânia 34,4°C
Campo grande: 34,4°C
Porto Velho: 33,8°C
São Paulo 32,9°C

A combinação do calor intenso e alta umidade deve provocar temporais em São Paulo nesta sexta-feira (21). Segundo a previsão do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as chuvas podem ser fortes e volumosas, principalmente entre a tarde e a noite, com maior impacto no leste do estado, incluindo a região metropolitana e o Vale do Paraíba.

O alerta laranja prevê acumulados de até 100 mm e ventos de até 100 km/h. Com essa intensidade, há risco de alagamentos, quedas de árvores e transtornos no trânsito, exigindo atenção redobrada da população nessas áreas.

No Norte do país, as instabilidades continuam ativas, com previsão de chuvas intensas do Amapá ao Maranhão. O aviso laranja, válido até sábado (22), indica volumes de até 100 mm em 24 horas e rajadas de vento que podem alcançar 100 km/h. Esse cenário é resultado da atuação da ZCIT (Zona de Convergência Intertropical), sistema meteorológico responsável por grande parte das chuvas na região.

Além dessas áreas, há previsão de chuvas fortes em diversas regiões do país entre hoje e amanhã. O alerta amarelo do Inmet indica possibilidade de precipitação de até 50 mm e ventos de até 60 km/h em diferentes estados, do Norte ao Sul do Brasil.

Apesar do calor extremo persistir nos próximos dias, as pancadas de chuva podem trazer alívio pontual em algumas localidades. No entanto, a tendência geral ainda aponta para temperaturas elevadas e tempo seco predominando em grande parte do país.

QUANDO O CALOR DARÁ TRÉGUA?

Segundo Cecchini, não há expectativa de alívio térmico no curto prazo para grande parte do Brasil. “A tendência é que essa onda de calor persista pelo menos até quinta ou sexta-feira da próxima semana. O Sul pode ter alívio um pouco antes, mas, para São Paulo, Centro-Oeste e interior do Nordeste e Norte, o calor intenso deve continuar”.

Além disso, a previsão para os próximos meses também não é animadora. “As projeções para março, abril e maio indicam chuvas abaixo da média e temperaturas acima do normal para grande parte do Brasil. No Sul, pode haver um pouco mais de alívio, mas o restante do país deve continuar enfrentando calor e tempo seco”.

Não há previsão de alívio térmico no curto prazo para grande parte do país. A tendência é que o calor persista ao longo da próxima semana, com chuvas abaixo da média em várias regiões. “Para o Sul, o alívio pode vir antes, mas no interior do Brasil o calor continua”, afirma o meteorologista.

As mudanças climáticas aumentam a frequência e intensidade dessas ondas de calor. O aquecimento global eleva as temperaturas médias e altera os padrões atmosféricos. “Se compararmos com décadas passadas, essas temperaturas eram impensáveis”, afirma o especialista.

O calor extremo já afeta o abastecimento de água, a agricultura e a saúde pública. A seca reduz os níveis de reservatórios, prejudicando a geração de energia e o consumo humano. “A produtividade das lavouras cai, impactando preços e produção”, alerta Cecchini.

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