Uso de baunilhas nativas brasileiras na gastronomia ganham reforço da Embrapa Cerrados

Baunilha do Cerrado. Crédito: Fernando Rocha

As baunilhas nativas do Brasil estão conquistando cada vez mais espaço na alta gastronomia, graças ao crescente interesse dos chefs em explorar sabores autênticos e regionais. Recentemente, a Embrapa Cerrados registrou a primeira floração de espécies nativas, marcando um passo importante no desenvolvimento de uma cadeia produtiva da especiaria no país. Essa novidade abre novas possibilidades não apenas para a pesquisa, mas também para a culinária, já que a baunilha é um dos ingredientes mais valorizados na cozinha mundial.

A coleção de baunilhas da Embrapa, que inclui espécies trazidas de diferentes regiões do Brasil, como Distrito Federal, Goiás, Bahia, Mato Grosso e Pará, faz parte do projeto Baunilhas Brasileiras. Este projeto visa estudar e desenvolver um sistema de produção adequado às condições do Cerrado. De acordo com Fernando Rocha, pesquisador da Embrapa, o florescimento das espécies Vanilla pompona e Vanilla phaeantha demonstra que as plantas estão se adaptando bem ao ambiente. “As primeiras flores indicam que o material está se estabelecendo com sucesso, o que nos permite iniciar novas etapas de pesquisa”, afirma Rocha.

O interesse dos chefs por baunilhas nativas tem crescido significativamente nos últimos anos. Eles buscam não apenas os sabores tradicionais, mas também uma experiência sensorial singular, valorizando o potencial aromático das espécies brasileiras. A baunilha, conhecida por seu uso em sobremesas, molhos e até pratos salgados, pode ganhar uma nova roupagem ao ser incorporada em preparos inovadores.

Potencial gastronômico e desafio de cultivo

Baunilha do Cerrado. Crédito: Fernando Rocha
Baunilha do Cerrado. Crédito: Fernando Rocha

Embora as baunilhas nativas tenham um grande apelo culinário, o cultivo comercial ainda é um desafio. As técnicas de cultivo e cura dessas espécies são complexas e demandam tempo e precisão. Segundo Rocha, um dos principais obstáculos é a polinização manual, que precisa ser feita no curto período em que a flor está aberta — menos de um dia. Após a polinização, leva cerca de nove meses para que os frutos estejam prontos para a colheita, o que requer um acompanhamento minucioso para garantir a qualidade.

A Embrapa Cerrados tem trabalhado para desenvolver um sistema de cultivo que atenda às especificidades de cada espécie. O uso de um substrato adequado, composto por uma mistura de fibra de coco, substrato comercial e adubo de liberação lenta, é uma das técnicas em teste, com bons resultados iniciais. “Ainda temos muito a avançar, mas esses primeiros passos já mostram que estamos no caminho certo”, comenta o pesquisador.

Colheita e processo de cura

A fase de colheita e cura dos frutos é um ponto crítico para garantir o sabor e o aroma da baunilha. “O processo de cura tem como objetivo liberar os compostos aromáticos que estão presentes no fruto verde, transformando-os na especiaria tão apreciada na culinária”, explica Rocha. Esse processo exige paciência e precisão, uma vez que a baunilha precisa ser colhida no ponto exato de maturação, antes que os frutos se abram.

Para compartilhar mais informações sobre o cultivo e os cuidados necessários, a equipe da Embrapa produziu um vídeo tutorial detalhado sobre como produzir mudas de baunilha de qualidade, direcionado tanto para produtores quanto para curiosos e profissionais da área gastronômica. Confira:

Com a crescente demanda por ingredientes diferenciados, a expectativa é que as baunilhas brasileiras, uma vez plenamente adaptadas e com sistemas de produção desenvolvidos, firmem-se cada vez mais como estrela na culinária contemporânea, realçando o papel da biodiversidade local na criação de pratos inovadores.

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