Vendas da Tesla despencam após gesto nazista de Musk durante a posse de Trump

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As atitudes de Elon Musk depois que se tornou integrante do novo governo de Donald Trump estão fazendo com que a Tesla, montadora de carros elétricos do bilionário, sofra com queda de vendas em todo o mundo. Desde o ano passado, quando declarou apoio ao então candidato a presidente dos Estados Unidos, que foi eleito e tomou posse em janeiro, a montadora com sede em Austin, no Texas, tem visto seus números de vendas diminuírem, e agora ainda lida com um boicote que associa a marca e seu dono a ideologias nazistas.

As vendas da Tesla despencaram principalmente na Europa. Na Noruega, onde a frota de veículos elétricos ultrapassou a de movidos a combustão em 2024, a marca registrou queda de 37,9% em janeiro. O mesmo aconteceu na França, onde as vendas caíram 63,4%. Na Espanha, o cenário fica pior: a Tesla viu suas vendas encolherem 75,4%.

Um dos motivos que têm levado dezenas de pessoas às ruas é a reação a comportamento recente de Musk – e como ele se portou na posse de Trump. Ao fazer um discurso na cerimônia, o bilionário fez uma saudação semelhante a um gesto nazista, levantando o braço direito com a palma da mão aberta.

Dias depois do gesto de Musk, ativistas do grupo alemão Center for Political Beauty e manifestantes britânicos da organização política Leaded by Donkeys projetaram a cena do bilionário com o braço erguido na Gigafactory da Tesla em Berlim, com a saudação “Heil Tesla” ao lado.

“Esse é o verdadeiro Elon Musk”, disse o Leaded by Donkeys, em suas redes sociais. “Não compre um Tesla”, pediram os ativistas

‘Maga sobre rodas’

Mesmo os proprietários de carros da marca arrumaram um jeito criativo – e bem-humorado – de protestar. Eles têm colado nos seus veículos um adesivo que diz: “Eu comprei isso antes de sabermos que Elon era louco”.

“Vi um aumento massivo nas vendas (dos adesivos) em toda Europa”, disse Matthew Hiller, dono da loja de adesivos Mad Puffer Stickers, com sede no Havaí, ao site especializado Wired. “Os maiores compradores vêm da França, Noruega e Reino Unido”, contou ele, informando já ter enviado milhares de adesivos a países ao redor do mundo. “Deve haver muitos donos de Tesla descontentes por aí.”

“Fiz um test drive em um Tesla em 2023, mas naquela época Musk já havia comprado o Twitter, e eu vi o que ele estava fazendo com a plataforma”, disse Hiller. Para ele, ao manipular o algoritmo da plataforma para favorecer opiniões de extrema direita, mudar as políticas de checagem de informações falsas e banir perfis de que ele não gostava Musk desincentivou o empresário a comprar um Tesla. “É como ter um boné MAGA sobre rodas.”

A polêmica saudação de Musk, no dia da posse para o segundo mandato de Trump, impulsionou as vendas de Hiller. “Desde então, tem sido uma média de 500 vendas por dia”, disse ele. “Esse momento ultrapassou todo o barulho usual em torno de Elon. Até mesmo os moderados que não prestavam muita atenção ao governo (Trump) acordaram e pensaram: ‘Meu Deus, o que fizemos?’.”

Outro adesivo popular da Mad Puffer Stickers diz “Club Anti-Elon Tesla” e são vistos até em carros de acionistas da empresa, cujo descontentamento vai além dos adesivos.

Em janeiro, o fundo de pensão do serviço público holandês ABP vendeu sua participação de € 782 milhões na empresa. Ainda no começo do ano, o ministro do Esporte e Turismo da Polônia, Slawomir Nitras, defendeu o boicote à Tesla. “Não há justificativa para que um polonês razoável continue comprando Teslas”, disse.

Na Alemanha, onde Musk causou indignação ao apoiar publicamente o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão), algumas empresas cortaram relações com a Tesla. A rede de farmácias Rossmann, com 4,7 mil lojas na Europa, trocou sua frota de Teslas por outros veículos elétricos e citou “incompatibilidade” entre seus valores e a ideologia do bilionário.

A também alemã LichtBlick rompeu laços com a montadora ao anunciar no LinkedIn: “Estamos desconectando os veículos Tesla de nossa frota”.

Estadão Conteúdo.

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