Chefe de quadrilha de agiotas que movimentou R$ 15 milhões em Colina, SP, é condenado a 35 anos de prisão


Outros quatro membros tiveram penas fixadas entre oito e nove anos. Grupo agia desde 2021 e usava de violência com devedores ao fazer cobranças. Integrantes de quadrilha de agiotas de Colina, SP. Da esquerda para direita Carlos Eduardo, Lucas, Rodolfo e Ronaldo
Divulgação
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo condenou, nesta semana, o chefe da quadrilha de agiotas que movimentou R$ 15 milhões em três anos na região de Colina (SP).
Carlos Eduardo Pedro da Silva teve pena fixada em 34 anos em regime inicial fechado pelos crimes de extorsão, usura (cobrança abusiva de juros) e organização criminosa, além de um ano em regime inicial semiaberto por crimes contra a economia popular.
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Além dele, também foram condenados pelos mesmos crimes o irmão, Lucas Pedro da Silva, os primos Rodolfo Pedro da Silva e Ronaldo da Silva Bopeti, e Fabricio Henrique Longo. As penas para os demais membros do grupo variam entre oito e nove anos de prisão. (veja abaixo)
Lucas Pedro da Silva: sete anos e seis meses de reclusão em regime inicial fechado, e um ano e quatro meses em regime inicial semiaberto;
Rodolfo Pedro da Silva: oito anos e nove meses de reclusão em regime inicial fechado, e um ano e quatro meses em regime inicial semiaberto;
Ronaldo da Silva Bolpeti: oito anos e nove meses de reclusão em regime inicial fechado, e um ano e quatro meses em regime inicial semiaberto;
Fabricio Henrique Longo: sete anos e seis meses de reclusão em regime inicial fechado.
Além das prisões, o grupo também foi condenado ao pagamento de dias-multa. O valor, que corresponde a metade do salário-mínimo vigente à época dos fatos, deve ser recolhido ao Fundo Penitenciário.
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A sentença foi proferida na segunda-feira (21), pelo juiz Fauler Feliz de Avila, do Foro de Colina.
Procurada pelo g1, a defesa de Carlos Eduardo e Lucas informou em nota que vai recorrer da decisão.
“A defesa irá interpor recurso de apelação, e manifesta irresignação com os termos da sentença, que não observou graves nulidades, relevantes questões técnico-jurídicas, e que não avaliou com propriedade o acervo probatório indicador da inocência dos acusados”.
A defesa de Rodolfo disse que ele foi absolvido do crime de extorsão, e vai recorrer da sentença que o condenou pelos crimes de usura e de organização criminosa
“Acreditamos fielmente na inocência de Rodolfo, motivo pelo qual, iremos recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo para buscarmos a reforma da sentença condenatória com a aplicação da tão esperada Justiça”.
O g1 também entrou em contato com as defesas dos demais envolvidos, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Violência e ameaças
A quadrilha, formada por integrantes de uma mesma família, agia desde 2021 em Colina, Barretos (SP), e Jaborandi (SP), principalmente, e foi descoberta após investigações da Polícia Civil e do Ministério Público.
Em mensagens trocadas com devedores, o grupo usava de violência e ameaças, com falas que iam desde uma ‘negociação amigável’ até morte, em caso de a polícia ser envolvida na tentativa de acerto.
Prints de conversas violentas sobre como os suspeitos agiam em cobrança aos devedores

Os membros da quadrilha foram presos no fim do ano passado, durante os desdobramentos da Operação Heres, que significa herdeiros (levando em consideração o fato de que todos eram da mesma família).
À época, foram apreendidos quatro carros de luxo, alguns deles avaliados em cerca de R$ 1 milhão, sete motocicletas, um jet ski, três tratores, além de oito armas e centenas de munição.
Além de bens sem comprovação de origem, documentos, cheques, cartões, dinheiro e uma máquina de contagem de notas também foram apreendidos.
Carros de luxo apreendidos em Colina, SP
Divulgação Polícia Civil
Crimes em família
A Operação Heres foi deflagrada em outubro de 2023, mas os membros já eram investigados desde 2021.
De acordo a polícia, os chefes da organização eram Alcebíades Pereira da Silva, que exercia a função de policial militar e morreu em outubro de 2022, e o filho dele, Carlos Eduardo Pedro da Silva.
Com a morte de Alcebíades, Carlos passou a comandar a quadrilha, que tinha também como integrantes, o irmão dele Lucas Pedro da Silva e os primos Rodolfo Pedro da Silva e Ronaldo da Silva Bonpeti.
Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça durante as investigações mostraram que Carlos ‘pegava’ como garantia de recebimento dos devedores, cartões de recebimento de benefícios sociais para sacar diretamente as parcelas em débitos.
Além da retenção dos cartões, a quadrilha fazia graves ameaças às vítimas e o controle das cobranças era por meio de notas promissórias e tabelas de clientes e valores.
As prisões aconteceram entre novembro e dezembro do ano passado. Todos eles tiveram os bens bloqueados pela Justiça.
Jet ski e motocicletas são apreendidos em operação, em Colina, SP
Divulgação Polícia Civil de Colina
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